sábado, 20 de março de 2010

Iraque: o país 7 anos depois da invasão norte-americana - Parte 1



Sem dúvida, um dos conflitos mais marcantes da primeira década do novo século é a Guerra do Iraque, que teve início justamente no dia 20 de março de 2003, quando as tropas norte-americanas e britânicas iniciaram a ocupação militar do país. O pretexto usado por George W. Bush, então presidente dos EUA, e Tony Blair, então primeiro Ministro britânico, era de que o país governado por Saddam Hussein detinha em seu poder armas de destruição em massa.

Após um longo trabalho de investigação por parte de inspetores da ONU, chegou-se à conclusão de que o Iraque não possuía as tais armas de destruição em massa denunciadas pelos EUA e Inglaterra. Contudo, já era tarde demais. A guerra já havia começado e o saldo, especialmente para a população iraquiana, já vinha se mostrando bastante negativo. A derrubada de Saddam Hussein não significou redemocratização do país, ainda ocupado pelas tropas norte-americanas.

Antecedentes da guerra
O encerramento da Guerra do Golfo, em 1991, não ocorreu da forma que os Estados Unidos queriam: na época, o então presidente Bush pai queria a todo custo que Bagdá fosse invadida para derrubar o governo de Saddam Hussein. Contudo, os termos do acordo de paz estipulavam que o armistício se daria tão logo as tropas iraquianas deixassem o Kuwait, país vizinho no Golfo Pérsico. Com a retirada das tropas iraquianas do Kuwait, conforme determinação da ONU, a Casa Branca teve que conter seu desejo bélico em relação ao Iraque.

Uma outra resolução do Conselho de Segurança da ONU determinava que todo tipo de armas de destruição em massa (química, biológica, nuclear e mísseis de longo alcance) que houvesse no Iraque fossem destruídas. Para fiscalizar se essa resolução estava de fato sendo cumprida, as Nações Unidas enviaram, já em 1991, uma Comissão Especial de Inspetores, responsáveis pelo acompanhamento da destruição dessas armas em poder do Iraque.

Contudo, a partir de dezembro de 1998, o governo de Saddam Hussein deixou de colaborar com o trabalho dos inspetores, acusando-os de espionagem. Diante desse quadro, os inspetores da ONU deixaram o Iraque e Bill Clinton, na época presidente dos EUA, abriu fogo durante 4 dias contra o Iraque, ao final dos quais declarou que todo tipo de arma química e biológica havia sido destruída. As tensões entre Iraque e Estados Unidos continuavam na forma de um conflito “frio”, sobretudo por conta de questões relativas ao espaço aéreo do país.

O governo Bush e os ensaios para a invasão
A situação, porém, ficou mais tensa com a chegada de George W. Bush à Casa Branca, em janeiro de 2001, que, ao contrário de Clinton, tinha uma postura mais agressiva com relação à sua política externa. E essa agressividade materializou-se, sobretudo, após os ataques às Torres Gêmeas, no 11 de setembro daquele ano. Tendo como principal alvo o líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden, que assumiu a autoria do atentado, Bush iniciou uma ofensiva militar ao Afeganistão.

A ocupação militar do território afegão pode ser considerada um ensaio para o que ainda estava por vir. Desde 1996, o poder do Afeganistão era exercido pelo talibã, uma milícia extremista de caráter nacionalista e que tinha forte vínculo com a Al-Qaeda, de Bin Laden. Assim, em 7 de outubro de 2001 teve início a ocupação militar do Afeganistão, com as tropas anglo-americanas investindo sobretudo no ataque aéreo do pais. Enquanto isso, a Aliança do Norte, formada por grupos de oposição ao talibã, constituía as forças terrestres para invadir Cabul, a capital. Após um mês de conflito, as forças aliadas conseguem tomar Cabul e o talibã é derrubado. Contudo, a resistência de milícias talibãs segue até os dias de hoje, transformando a região em uma área de conflito permanente.

Logo após a invasão aliada do Afeganistão, o governo Saddam Hussein foi um dos que questionaram a legitimidade da investida militar, despertando ainda mais a ira de Bush contra o Iraque. No ano seguinte, em 2002, Bush, em discurso na Assembléia Geral da ONU, declarou que uma ação militar contra o Iraque seria inevitável, caso o país não permitisse a entrada de inspetores das Nações Unidas para averiguação da suposta presença de armas de destruição em massa em território iraquiano. As tensões acirram-se e a guerra fica cada dia mais iminente.

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