quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dilma e a luta pelas liberdades democráticas e contra a ditadura



Há 46 anos, o Brasil amanhecia um dia diferente: estava começando a era mais negra da nossa História, marcada pelo fim das liberdades individuais, pelo fim do voto direto, pela censura e por um processo de grande repressão. A manhã de 1º de abril de 1964 inaugurava a era da ditadura militar, a partir de um golpe de Estado dado pelos generais do Exército brasileiro, com o apoio da direita, e que retirou do poder o então presidente João Goulart.

O governo de Jango, como era conhecido o presidente, foi marcado por medidas de caráter esquerdista, que procuravam beneficiar a maior parte da população brasileira, especialmente através das reformas estruturais planejadas pelo presidente – as chamadas reformas de base. Deve-se lembrar que a oposição da direita a Jango começou antes mesmo de sua posse, já que, após a renúncia de Jânio Quadros, setores militares tentaram impedir a posse de Jango, que se encontrava em visita oficial à China. Contudo, graças à intervenção do general Lott, Jango conseguiu tomar posse.

De qualquer forma, os militares e a direita brasileira não engoliram o contra-golpe dado pelo general Lott e que garantiu a posse de João Goulart, articulando, assim, desde 1961 um golpe para tira-lo do poder. A reação militar finalmente ocorreu na madrugada do dia 1º de abril de 1964, tendo começado em Minas Gerais, mas logo recebendo adesão de unidades militares dos estados da Guanabara, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Na manhã do dia 1º, Jango abandonou Brasília rumo a Porto Alegre. Começavam os anos de chumbo no país.

O fim das liberdades e a caça aos “subversivos”
Com a promulgação do Ato Intitucional n° 1, o poder político foi transferido aos militares e estes iniciaram um processo de cassações de mandato no Congresso Nacional e uma série de outras medidas. Assim, todas as instituições classificadas pelos militares como “subversivas”, a exemplo da CGT (Comando Geral dos Trabalhadores), as Ligas Camponesas e a UNE (União Nacional dos Estudantes), foram imediatamente dissolvidas, em nome da “revolução”. De igual maneira, todas as pessoas consideradas “subversivas” eram presas e submetidas aos IPMs – Inquéritos Policiais Militares.

Com o passar do tempo, a repressão dos militares foi ficando cada vez mais violenta. Todos aqueles que eram considerados subversivos, comunistas, passavam a ser “monitorados” pelos órgãos de informação do governo militar. Naturalmente, os principais inimigos da “revolução” eram os esquerdistas, que não aceitavam aquela situação de perseguição política e ditadura. Neste momento, a esquerda brasileira começa a se organizar em grupos de resistência, tanto no campo quanto na cidade e, à medida que o governo militar endurecia, as células de resistência esquerdista se multiplicavam.

Lideranças políticas de grande importância nos dias de hoje, como José Dirceu, José Genoíno, Carlos Minc, Fernando Pimentel, dentre outros, foram duramente perseguidos e torturados pelos militares, simplesmente pelo fato de não concordarem com o regime político que o golpe de 64 estabeleceu no país. E uma figura que também lutou pelo retorno da liberdade e por isso foi perseguida e torturada pelo governo militar foi Dilma Rousseff, atual pré-candidata do PT à Presidência da República.

Dilma e a luta contra a repressão dos militares
Já na adolescência, quando cursava o ensino médio, Dilma passou a ter contato com o movimento estudantil e passou a integrar a POLOP (Política Operária), uma organização oriunda do Partido Socialista Brasileiro (que havia entrado na clandestinidade desde o golpe militar). Tendo uma proximidade maior do grupo que acreditava ser necessário combater de todas as formas o regime militar, Dilma e outros companheiros passam a integrar o Colina (Comando de Libertação Nacional), a partir de 1967.

A luta armada era uma forma de resistência ao regime militar extremamente coerente naquele período, afinal de contas estamos falando de um momento da nossa História em que a repressão partia do regime militar. Ou seja, como o ditado popular sabiamente diz: “não existe diálogo entre a corda e o pescoço”! De acordo com companheiros de Dilma desta fase, ela tinha uma capacidade de liderança muito grande, conseguindo impor-se em um meio predominantemente masculino. Foi nessa fase que Dilma conheceu Fernando Pimentel.

Em 1969, Dilma foi uma das articuladas da fusão do Colina com a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), de Carlos Larmarca, dando origem, assim, a uma nova organização da esquerda clandestina: a VAR Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). Neste momento, enquanto Lamarca defendia uma visão mais militarista, Dilma propunha um trabalho político pelas bases. Em 1970, já em São Paulo, Dilma foi capturada pelos militares, sendo levada para a Oban (Operação Bandeirante), onde foi torturada por 22 dias.

Da tortura à Casa Civil
Segundo relatos, Dilma foi torturada com palmatórias, socos, pau de arara e choques elétricos, tendo ficado presa no Presídio Tiradentes, em São Paulo, até 1972. Após sair da prisão, Dilma passou um tempo na casa de sua família, em Minas Gerais, mas como havia sido acusada de subversão, não poderia retornar ao seu curso na UFMG. Diante disso, Dilma mudou-se para Porto Alegre, onde em 1973 iniciou o curso de Ciências Econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo se graduado em 1977.

No ano seguinte, Dilma voltou para São Paulo e passou a freqüentar a Unicamp, onde pretendia fazer um mestrado. Ali integrou um grupo de estudos, formado por ex-integrantes da VAR-Palmares, que tinha como objetivo principal pensar a melhor forma de retornar à vida política. Em 1979, com o fim do bipartidarismo, Dilma se aproxima de Leonel Brizola e é uma das fundadoras do PDT (Partido Democrático Trabalhista) naquele mesmo ano. Assim, Dilma Rousseff recomeça sua militância política.

O que veio depois, já é sabido por todos: Dilma foi secretária da Fazenda de Porto Alegre, na gestão Alceu Collares (1985-1988), secretária de Energia, Minas e Comunicações, quando Collares foi governador do Rio Grande do Sul e, posteriormente, em 1998, na gestão Olívio Dutra. Em 2000, Dilma deixa o PDT e se filia ao PT, sendo nomeada ministra das Minas e Energia do governo Lula em 2003, onde permaneceu até 2005, quando assumiu a função de ministra-chefe da Casa Civil.

Vê-se dessa maneira que Dilma sempre foi uma grande lutadora em prol do Brasil. No momento em que o país sofria nas mãos dos militares, Dilma arriscou sua própria vida pelo direito à liberdade de todos os brasileiros. Neste ponto, nada melhor do que citar o rapper Gog, de Brasília: “Você lutaria pelas liberdades democráticas e contra a ditadura? Eu lutaria. Dilma lutou”!

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