segunda-feira, 31 de maio de 2010

O que de fato explica o forte avanço de Dilma nas últimas semanas?



Tentar analisar os rumos de uma campanha eleitoral valendo-se do instrumental proposto pelo método científico cartesiano pode muitas vezes revelar-se ingrato, já que a política carrega em si diversas variáveis difíceis de serem mensuradas. Um exemplo real que pode ser utilizado para ilustrar esta afirmação diz respeito aos rumos tomados pela pré-campanha presidencial brasileira ao longo deste mês de maio, quando a pré-candidatura governista de Dilma Rousseff (PT) ganhou maior musculatura e se mostrou bem mais competitiva que a do seu principal adversário, José Serra (PSDB).

Neste sentido, cabe relembrar as análises feitas logo no final de março, quando os dois principais postulantes à Presidência da República desincompatibilizaram-se dos seus respectivos cargos e entraram numa fase de menor exposição, que deve (ou deveria) durar até o início de julho, quando começa oficialmente a fase de campanha, segundo cronograma do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Naquela época, o quadro desenhado era o seguinte: o tucano Serra liderava todos os cenários de intenção de voto (em todos os institutos), mas já dava sinais de estagnação, enquanto a petista crescia gradativamente, mas ainda ocupava o segundo lugar.

Assim, as “fotografias” tiradas pelos principais institutos de pesquisa no final de março mostraram a pré-candidatura oposicionista com um patamar de intenções de voto em torno dos 37% contra 30% na média de intenções de voto na pré-candidata do governo. Naquela ocasião, esperava-se que esse cenário deveria permanecer dessa maneira até o início da campanha eleitoral, com os pré-candidatos sofrendo pequenas oscilações dentro da margem de erro dos institutos. Contudo, a rodada de pesquisas eleitorais divulgadas em maio coloca Dilma e Serra empatados dentro da margem de erro, sendo que alguns importantes institutos – como Vox Populi e Sensus – já mostraram a petista à frente do tucano.

Propaganda partidária do PT explica todo esse avanço?
Diante desse novo quadro que não era esperado pela maioria dos analistas – nem pelos partidos, diga-se de passagem – a que podemos atribuir esse forte crescimento da pré-candidatura de Dilma numa fase em que a campanha eleitoral não está ainda “na boca do povo”? É interessante destacarmos que a própria coordenação de campanha de Dilma se surpreendeu com este resultado, uma vez que o empate era esperado apenas para a primeira quinzena de julho, quando a campanha eleitoral já estivesse nas ruas. Neste aspecto, os petistas acreditavam que a associação com o presidente Lula, logo no início da campanha, iria impulsionar o desempenho da ex-ministra nas pesquisas.

Mas o avanço de Dilma veio dois meses antes do esperado, ampliando o otimismo no campo governista e, por outro lado, levando desconforto e um certo desespero para a oposição, que encerra o mês de maio já com fortes atritos na sua base. Muitos líderes oposicionistas atribuem o forte crescimento de Dilma às inserções do PT ao longo do mês de maio e também ao programa do Partido no rádio e na TV, que foi ao ar na noite do último dia 13 de maio. Nestas inserções e no programa partidário colou-se a imagem de Dilma a Lula, deixando claro aos telespectadores e ouvintes que a petista representa a continuidade do governo Lula. Embora faça muito sentido o efeito da propaganda partidária sobre a intenção de votos, será que isso por si só explica o forte crescimento de Dilma?

A resposta é não. Em primeiro lugar, devemos levar em conta que nas duas pesquisas onde a ex-ministra aparece à frente do ex-governador de São Paulo , as entrevistas de campo foram feitas entre os dias 8 e 13 de maio (no caso da Vox Populi) e 13 e 14 de maio (no caso da CNT/Sensus). Ou seja, ainda que todo o eleitorado tivesse assistido às inserções do PT e ao programa partidário, os seus efeitos sobre a intenção de voto desses eleitores ainda não teriam sido plenamente captados pelas referidas pesquisas. Em segundo lugar, devemos atentar para o fato de que apenas uma pequena parcela dos eleitores assistiu ao programa partidário e às inserções do PT.

Para se ter uma idéia, de acordo com uma pesquisa do Datafolha divulgada no dia 22 de maio, apenas 33% dos entrevistados declararam – espontaneamente – que assistiram algum tipo de propaganda partidária na TV nos últimos 30 dias, ao passo que 67% declararam não terem assistido nenhum tipo de propaganda partidária na televisão. Dos que declararam terem visto algum tipo de propaganda na TV, 21% afirmaram que viram propaganda de Dilma, 14% de Serra, 8% de Marina Silva (PV), 5% do PT, 2% do PSDB e 2% do PV. Quando a pergunta é feita em relação a todo o ano de 2010, 55% dos entrevistados responderam, de forma espontânea, que não assistiram a nenhum tipo de propaganda partidária na TV.

O que se vê aqui é que a consistente trajetória de crescimento de Dilma nas pesquisas eleitorais tem muito pouco a ver com inserções ou com o programa partidário do PT, posto que a grande maioria dos eleitores não assistiu aos programas. A razão mais intuitiva não dá conta, pelo que se pode perceber, de explicar a totalidade do crescimento de Dilma. Voltamos, então, à questão feita em parágrafos anteriores: o que ocasionou esse bom desempenho da petista nessa segunda fase da pré-campanha, que a priori deveria ser uma fase mais “morna”? Devemos levar em conta aqui dois aspectos importantes que contribuíram bastante para o crescimento de Dilma: a firmeza no discurso da pré-candidata (e o fato dela assumir o projeto que representa) e a costura de alianças nos estados.

A montagem dos palanques estaduais
Um dos fatores muito positivos à pré-candidatura de Dilma Rousseff diz respeito ao êxito na montagem dos palanques estaduais. Isto porque, no atual desenho da democracia brasileira, o eleitor tende a ter uma proximidade maior das lideranças proporcionais do que de lideranças majoritárias. Ou seja, é razoável supor que o êxito de uma candidatura é diretamente proporcional ao número de parlamentares que ela agrega ao seu redor, pois isso lhe confere uma maior penetração junto ao eleitorado. Neste ponto, a aliança com o PMDB, o maior partido brasileiro, é um fator muito importante para a candidatura governista, especialmente em regiões onde o partido tem forte penetração, como no Nordeste brasileiro, por exemplo.

Mas a grande novidade entre abril e maio não ficou por conta do PMDB, já que esta aliança estava praticamente sinalizada desde novembro do ano passado. O fato novo foi a adesão do PSB à base de aliados da pré-candidatura da ex-ministra da Casa Civil, após o partido optar pelo não lançamento da candidatura do deputado federal Ciro Gomes (PSB-SP). Com a entrada do PSB na coligação que apóia Dilma, o que deve ser oficializado em junho com as convenções nacionais dos partidos, a ex-ministra ganha palanques fortes e importantes já no primeiro turno, como é o caso do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O próprio envolvimento das lideranças regionais desses partidos aliados dá uma ampla margem de crescimento para a pré-candidatura de Dilma nos estados.

Caso contrário acontece com a pré-candidatura de José Serra, que não tem conseguido êxito na ampliação das costuras regionais. Assim, os palanques estaduais para o tucano ficam cada vez mais apoiados na aliança nacional entre PSDB, DEM e PPS. Há somente raras exceções onde o tucano consegue apoio de dissidentes nos estados do PMDB e do PP, como é o caso de São Paulo, Pará e, ao que tudo indica, Rio Grande do Sul. De qualquer forma, na contabilidade eleitoral, quem leva a melhor no que depender dos palanques estaduais é a pré-candidata Dilma Rousseff.

O discurso da continuidade
Outro fator que explica o crescimento consistente da pré-candidatura de Dilma, e que passa pela costura das alianças nos estados, é a forte assimilação pelos eleitores de que a petista representa a genuína continuidade do governo Lula. Vejamos: embora grande parte do eleitorado não tenha assistido aos programas partidários, o grau de conhecimento de Dilma é cada vez maior. Como isso se explica? Ora, nesta segunda-fase da pré-campanha, todos os pré-candidatos realizaram agendas nos estados, onde foram recebidos pelas lideranças locais, deram entrevistas às emissoras de rádio e TV da região e, com isso, passaram a ser mais conhecidos pelo eleitorado. Isso ocorreu tanto com Dilma quanto com Serra.

Naturalmente, Serra ainda é bem mais conhecido que a petista, até pelo fato de que ele já disputou uma eleição presidencial em 2002. Assim, existe uma margem de crescimento muito maior para Dilma do que para o tucano. E em suas andanças pelo país, a ex-ministra teve grande facilidade em encontrar o tom do seu discurso: tendo sido parte central do governo Lula, que caminha para o seu término com níveis de aprovação estratosféricos, Dilma logo se apresentou como continuidade desse governo, defendendo o mesmo projeto que Lula, o que naturalmente foi muito bem recebido pelos eleitores. Já o tucano José Serra ainda patina para encontrar o tom do seu discurso.

Ora, Serra não pode utilizar um discurso muito crítico a Lula, pois o presidente tem uma enorme aprovação popular e qualquer traço de “anti-Lula” que o eleitor identifique no tucano já pode ser fatal para sua pré-candidatura. De início, o ex-governador de São Paulo tentou apresentar-se como o “pós-Lula”, se esforçando para convencer o eleitor de que ele era uma continuidade mais real do que Dilma. Não colou. E as pesquisas eleitorais estão aí para corroborar isto. Agora, Serra amplia o tom das críticas ao governo Lula. A estratégia ainda está em teste, mas a possibilidade de sucesso é remota, já que ela deve agradar apenas a 20% dos eleitores que avaliam o governo Lula como regular ou ruim.

Percebe-se, portanto, que o crescimento da pré-candidatura de Dilma nesta segunda fase da pré-campanha está muito mais relacionado à associação da petista como continuidade do governo Lula e também às costuras das alianças regionais do que propriamente aos programas e inserções de rádio e TV do PT. A pré-campanha caminha agora para sua terceira fase: o período das convenções partidárias e do selo das alianças. Essa fase coincide com o período de Copa do Mundo e é bastante possível que a eleição fique em segundo plano, pelo menos para a grande maioria dos brasileiros.

É um período que os pré-candidatos devem intensificar os trabalhos de bastidores e prepararem-se para colocar, de fato, o bloco na rua a partir do dia 5 de julho, quando oficialmente começa a campanha eleitoral. Saímos da segunda fase da pré-campanha com duas conclusões: primeiro, que o cenário é muito mais favorável a Dilma e segundo, que o tucano José Serra tem como principal adversário ele mesmo, já que está sem discurso e com atritos em sua base de apoio.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Com Serra, São Paulo é o estado brasileiro que mais gasta com propaganda oficial

Não é novidade para o cidadão paulista se deparar, ao ligar a TV, abrir um jornal ou folhear uma revista, com uma propaganda oficial do governo do Estado de São Paulo. É que nos últimos três anos, ao longo da gestão de José Serra, atual pré-candidato do PSDB à Presidência da República, os gastos com publicidade e propaganda oficial cresceram 620%, de acordo com um levantamento feito pela bancada do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo e que foi baseado em dados do Sistema de Gerenciamento do Orçamento do Estado (SIGEO).

Nesta segunda-feira, 24, uma matéria publicada no jornal Folha de São Paulo revelou que em 2009 o estado de São Paulo foi o que mais gastou com propaganda oficial dentre todos os estados brasileiros. Para se ter uma idéia, segundo as informações do jornal, os 27 estados brasileiros gastaram juntos R$ 1,69 bilhão com publicidade no ano passado, dos quais aproximadamente um quinto foi representado pelos gastos da gestão Serra em São Paulo com propaganda.

Mais gastos com propaganda do que com programas sociais
Assim, o governo do Estado de São Paulo gastou, segundo a matéria da Folha, R$ 311 milhões com propaganda e publicidade oficial na véspera do ano eleitoral, um patamar bem acima dos R$ 40,7 milhões que foram registrados nesta rubrica em 2006, último ano gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) à frente do Palácio dos Bandeirantes. Mas não é somente o aumento significativo dos gastos com propaganda que chamam atenção: o que mais espanta é que o valor gasto para informar o cidadão sobre as “realizações” feitas pelo governo estadual é superior aos recursos aplicados em muitos programas do governo.

Neste sentido, a reportagem da Folha cita o exemplo do “Renda Cidadã”, um programa de transferência de renda do governo estadual que atende a pouco mais de 137 mil famílias paulistas que possuem renda per capita inferior a R$ 200. De acordo com a Folha, o governo do estado de São Paulo gastou R$ 97,4 milhões em 2009 com este programa, o que corresponde a 31% do que foi gasto com propaganda oficial! A matéria informa que “no Orçamento de São Paulo, a rubrica publicidade e propaganda registra gastos de R$ 311 milhões, mas o governo afirma que o desembolso com divulgação foi de R$ 247,3 milhões. O restante do dinheiro, diz o governo, foi gasto por órgãos como a Assembleia Legislativa (R$ 17,7 milhões)”.

Quando tomamos os valores gastos com publicidade oficial pelo governo de São Paulo de forma relativa, ou seja, expressos pelo número de habitantes, também podemos constatar que as cifras são expressivas. Durante todo o ano de 2009, o governo federal gastou, para se ter uma idéia, R$ 1,119 bilhão com publicidade oficial, o que corresponde a um gasto médio de R$ 6,09 por habitante. O governo do estado de São Paulo, por sua vez, gastou R$ 7,81 por habitante com propaganda oficial no mesmo período, conforme matéria da Folha. Ou seja: a gestão Serra gastou proporcionalmente mais com publicidade oficial no Estado de São Paulo do que o governo federal gastou em todo o Brasil na mesma rubrica.



De acordo com a bancada do PT na Alesp (Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo) também chama a atenção de todos os gastos da gestão Serra com propaganda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Neste sentido, os recursos gastos com propaganda da CPTM saltaram de R$ 15 mil, em 2006, para R$ 48 milhões, em 2009, cerca de 310 mil por cento a mais. Para se ter uma melhor noção do que foi gasto com propaganda da CPTM, basta dizer que os investimentos da gestão Serra na compra de novos trens, em 2009, não passaram de R$ 19 milhões. As cifras gastas por Serra com propaganda oficial impressionam ainda mais se pensarmos que um hospital todo equipado com 250 leitos custaria aos cofres públicos cerca de R$ 50 milhões!

O que se vê, dessa maneira, é que existe uma diferença muito grande entre o discurso e a prática do tucano José Serra, já que ele, em suas entrevistas e discursos, sempre se diz contrário a gastos exagerados por parte do poder público. Contudo, na prática, a sua gestão gasta mais com propaganda oficial do que com aplicações em áreas estratégicas, como evidenciado pela matéria da Folha. Ao que tudo indica, Serra está querendo aplicar a velha máxima do marketing corporativo – de que “a propaganda é a alma do negócio” – à administração pública. Resta saber se para informar os cidadãos dos avanços registrados ou então para uma auto-promoção com vistas eleitorais.

domingo, 23 de maio de 2010

O teto de Dilma é o desejo de continuidade



Não bastassem as recentes pesquisas mostrando um forte crescimento da pré-candidatura governista de Dilma Rousseff, a entrevista do presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, ao jornalista Ricardo Noblat, na tarde deste domingo, 23, jogou um novo balde de água fria nos ânimos demo-tucanos. Isto porque ao longo da entrevista, concedida por meio do serviço de microblog Twitter, Coimbra destacou o cenário de amplo favoritismo para Dilma, destacando o grande potencial de crescimento de sua candidatura e a posição de grande desvantagem de seu principal adversário, José Serra.

Coimbra citou o fato de Dilma ainda ser bem menos conhecida do que Serra, o que amplia, aliado à elevada aprovação do presidente Lula, o seu potencial de crescimento. Em determinado momento da entrevista, ficou perceptível o incômodo do jornalista Noblat, que chegou a ponto de declarar que Serra não havia feito campanha antecipada, ignorando o fato de que o tucano vive em campanha permanente desde que foi secretário do Planejamento da gestão Montoro em São Paulo, nos anos 80. O presidente do Vox Populi destacou que nem mesmo uma suposta entrada de Aécio Neves na chapa de Serra deve alterar significativamente o cenário desfavorável à oposição.

Apesar de apontar um cenário amplamente otimista para a candidatura de Dilma, Coimbra frisou que “favoritismo não basta para ganhar uma eleição”. Contudo, a entrevista certamente causou um maior alvoroço no ninho tucano, que há alguns dias tem sido bombardeado por notícias nada favoráveis à pré-candidatura de José Serra. Fato é que ainda há toda uma campanha pela frente, mas a tirar das projeções de Marcos Coimbra, Serra terá que fazer grandes malabarismos para tentar reverter esse cenário desfavorável à sua candidatura. Confira abaixo a íntegra da entrevista de Marcos Coimbra ao Blog do Noblat.

Noblat: Boa tarde, Marcos Coimbra. Quem tem mais chances de se eleger presidente da República em outubro próximo?
Coimbra: Boa tarde, Noblat. Dilma é favorita, mas favoritismo não basta para ganhar uma eleição

Noblat: Por que você considera Dilma favorita?
Coimbra:
Ela empatou com Serra e tem um espaço de crescimento aberto à frente, junto ao eleitorado que está disposto a votar na candidata do Lula

Noblat: Isso é suficiente para que Dilma se eleja? Serra não tem espaço para crescer?
Coimbra:
Serra é conhecido por 80% da população, com menos espaço para crescer. Dilma tem crescido tirando intenções de voto dele.

Noblat: A essa altura, quantos por cento das intenções de voto de Dilma resultam de transferência feita por Lula?
Coimbra:
Dilma é a candidata dele, de continuidade do que ele representa. Nesse sentido, toda a intenção de voto que tem vem de Lula e do governo.

Noblat: Dilma corre o risco de o eleitor, a certa altura, concluir que votar nela não significa votar em Lula, não é a mesma coisa?
Coimbra:
Claro que não é e o eleitor sabe disso. Quem pensa em votar nela não acha que Lula vai mandar, mas acha que ela preservará o que ele faz.

Noblat: Se os votos de Dilma não são dela, mas de Lula e do governo, o candidato poderia ser qualquer outro bom auxiliar de Lula. Ou não?
Coimbra:
Me parece q sim, mas Lula deve ter tido razões para preferi-la. Seu papel no governo, seu perfil técnico, sua identificação com ele.

Noblat: Pelos seus cálculos, quantos por cento a mais de votos Lula ainda poderá repassar para Dilma?
Coimbra:
Há ainda cerca de 40% do eleitorado que conhece mal ou não conhece Dilma. Ela pode crescer mais 20 pontos nesse segmento.

Noblat: Fernando Henrique Cardoso tira votos de Serra? Ou freia seu crescimento? Há algum tipo de cálculo a esse respeito?
Coimbra: A imagem de FHC é negativa e a maioria das pessoas acha que o governo dele foi muito pior que o de Lula. Isso é ruim para Serra.

Noblat: Por que Dilma cresceu tanto em maio? Exposição em programas partidários na TV? Companhia de Lula no programa do PT? Ou cresceria de todo jeito?
Coimbra:
Todas as opções estão corretas. A propaganda do partido ajudou, Lula também, e ela estava em crescimento, lento, mas firme.

Noblat: Em junho, Serra terá muito espaço nos programas de TV de partidos. Automaticamente ele crescerá?
Coimbra:
Ele é muito conhecido, o que limita essa hipótese. Mas deve melhorar, nem que seja por sustar o crescimento natural de Dilma.

Noblat: Lula já foi multado 4 vezes por fazer propaganda de Dilma antes do tempo. Faz mais de um ano que ele está em campanha por ela. Isso não a ajudou?
Coimbra:
Mais que ajudou, é a explicação de tudo. Ele antecipou a campanha, todo mundo entrou em campo e ele teve tempo para apresentar sua candidata.

Noblat: Todo mundo, não. Serra não entrou. E ninguém dispunha do grau de exposição de Lula e de Dilma.
Coimbra:
Desde 2009, todos os programas partidários foram eleitorais, PT, PSB e PSDB. Quanto à demora de Serra, a decisão foi dele e só dele.

Noblat: Serra tem um "teto" de votos que dificilmente ultrapassará? Qual seria?
Coimbra:
Serra tem um piso alto e um teto limitado pela eleição que fazemos, onde o eleitor se pronuncia sobre politicas e governos e não sobre biografia

Noblat: E o teto de Dilma e de Marina Silva?
Coimbra:
O teto de Dilma é o desejo de continuidade, que é muito alto. Marina corre o risco de ficar espremida entre dois grandes e não conseguir crescer.

Noblat: O que Serra precisaria fazer para driblar esse quadro desfavorável e ganhar? Ou não tem como?
Coimbra:
Tentar trazer a eleição para o campo dele, a comparação de currículos. Torcer para que Dilma erre muito. Mas sua posição é de desvantagem.

Noblat: Aécio de vice poderia ajudar Serra a se eleger ou não acrescentaria grande coisa?
Coimbra: Aécio só é bem conhecido em MG, onde Lula é muito querido. Serra está bem e é dificil avaliar se um ganho em Minas faria diferença.

Noblat: Não dá para avaliar se um ganho em Minas faria diferença para Serra? Ou você prefere não avaliar?
Coimbra:
Minas é 11% do eleitorado. Aumentar 20 pontos no estado é 2% no total. Pode ser muito pouco no resultado final.

Noblat: Últimas perguntas. Por que a História registra erros tão clamorosos cometidos por institutos de pesquisa?
Coimbra: Os erros existem e todos procuramos reduzi-los ao mínimo. Mas os institutos brasileiros estão entre os que mais acertam no mundo.

Noblat: É certo que institutos pesquisem ao mesmo tempo para partidos e meios de comunicação?
Coimbra:
É nossa tradição, mas é natural que seja discutida. Pode ser um dos itens a tratar na reforma política que aguardamos.

Noblat: Por fim - Montenegro, presidente do IBOPE, disse à VEJA no ano passado que a eleição de Serra era segura. Era na época ou ele estava errado?
Coimbra:
Acho que seria melhor perguntar isso a ele.

Opinião: as reformulações da Folha agradam a qual paladar?



Seria ilusão pensar que a grande imprensa brasileira assistiria à estagnação da candidatura presidencial de José Serra, como evidenciado pelas recentes pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta semana, sem tomar iniciativas para tentar reverter o quadro. Afinal de contas, os grandes veículos de comunicação do país – Folha, Estadão, Globo – parecem ter se especializado no ataque e na tentativa de desconstrução do governo Lula e da pré-candidata governista Dilma Rousseff. Desde sempre foi assim e não seria agora que a imprensa agiria de forma diferente.

Neste sentido, chama à atenção a mudança promovida pela Folha de São Paulo, desde o último sábado, 22, em suas editorias. Mais do que uma reformulação do layout do jornal, inclusive em sua versão eletrônica, a Folha renomeou, como a de política, que passou a ter o nome de “Poder” em substituição a “Brasil”. A mudança mais profunda, contudo, não foi no nome da editoria, mas no formato como um todo, que ganhou novos colunistas, novas seções e, pelo que se pôde perceber a partir de declarações da jornalista responsável, novas políticas de redação.

Antes de prosseguirmos, duas ressalvas importantes: não se pretende, neste artigo, questionar a legitimidade da Folha em fazer essas alterações. Para este blog, a liberdade de imprensa é um pilar imprescindível da democracia, de forma que qualquer forma de cerceamento a este valor coloca em risco todo o sistema democrático. Em segundo lugar, não se procura estabelecer aqui uma “teoria da conspiração”, já que se sabe que esta reformulação da Folha já estava sendo planejada há muitos meses. O que discutiremos aqui são os riscos desse novo formato para a suposta “neutralidade” na cobertura das eleições presidenciais deste ano, em especial em um veículo que tem mostrado, desde sempre, grande tendência à fuga da imparcialidade.

É possível fazer análise política com isenção?
Feitas essas ressalvas, passemos então a analisar as alterações feitas pela Folha, que já valem a partir deste domingo. Em primeiro lugar, não passa despercebida uma declaração feita pela editora de “Poder”, Vera Magalhães, sobre a essência da mudança: “A cobertura será mais voltada à análise dos discursos dos candidatos, antecipando estratégias, esmiuçando propostas e verificando sua viabilidade. Haverá menos espaço para a reprodução pura das declarações dos candidatos”. Ora, todos sabemos que qualquer análise feita no âmbito das ciências humanas, e a política não é exceção à regra, sempre carrega consigo um determinado juízo de valor.

Este, inclusive, é um dos grandes paradoxos apontados pelos cientistas sociais sobre a suposta “neutralidade axiológica” na análise social. Uma pessoa que se propõe a fazer uma análise sobre o aborto, por exemplo, por mais que tente manter uma postura neutra, sempre irá encontrar uma grande dificuldade em não conduzir o seu texto de acordo com os seus valores pessoais. Jornalistas são pessoas e, como tais, não estão imunes à tentação de conduzir seus artigos de acordo com impressões pessoais, especialmente no campo da política, onde dificilmente encontramos indivíduos neutros a esta ou àquela idéia.

Um repórter que tenha uma visão política mais à esquerda conseguirá analisar com a neutralidade exigida um discurso de um candidato de centro-direita? E o contrário: um jornalista que simpatiza com visões mais à direita conseguirá tratar com neutralidade as declarações de um candidato de esquerda? Mas a questão principal é: estes repórteres, mais do que cuidar para que suas análises não estejam impregnadas de impressões pessoais, estarão submetidos a que tipo de linha editorial? Todo veículo de comunicação tem, por excelência, uma determinada linha editorial, que serve como norte para tudo que ali é produzido. No caso da Folha existe uma falta de informação sobre essa linha editorial, já que o jornal não declara abertamente qual a sua preferência política, embora todos possamos identificar nas entrelinhas e nas manchetes recorrentes do jornal.

O que se coloca em questão é: quando a linha da antiga editoria “Brasil” focava mais reportagens em torno das declarações dos candidatos, já havia uma tendência clara em favorecer pautas positivas para o tucanato e pautas negativas para o petismo. Agora, com essa reformulação – e com o foco alterado para a análise dos discursos dos presidenciáveis – até que ponto as matérias da Folha não beneficiarão mais este ou aquele candidato? E até que ponto o jornal não servirá como panfleto político desse ou daquele grupo, encobrindo sua linha editorial sob o suposto manto da “imparcialidade jornalística”?

O promessômetro e o mentirômetro
Outra reformulação que vale a pena ser analisada diz respeito à inclusão de duas novas seções na editoria “Poder”. De acordo com a própria Folha, a editoria passará a contar com as seções “promessômetro” e “mentirômetro”. O “promessômetro” será uma espécie de termômetro das promessas feitas pelos candidatos, que oscilará entre o “viável” e o “inviável”, enquanto o “mentirômetro” será um termômetro das supostas mentiras – ou “imprecisões”, como dito pela Folha – nos discursos dos postulantes à Presidência da República.

Aqui, vale a análise feita anteriormente: até que ponto o jornal dará conta de fazer essas avaliações de forma completamente isenta? Afinal de contas, uma imprecisão no discurso de um candidato que tem a simpatia do jornal pode ser simplesmente ignorada no “mentirômetro”, da mesma forma que uma promessa mais ambiciosa feita por um candidato que não tem a simpatia da Folha pode ser taxada de “inviável” no seu “promessômetro”, sem que o jornal tenha o mínimo cuidado de pesquisar se aquela promessa é amparada por estudos técnicos.

Vê-se, dessa maneira, que as mudanças na editoria de política da Folha podem conduzir o jornal a um tratamento ainda mais desigual dado aos candidatos. O caminho mais sensato para o veículo da família Frias evitar dores de cabeça futuras seria, naturalmente, abrir a sua linha editorial, assumindo o lado político que ela representa. Por outro lado, a partir do momento que um jornal se declara “imparcial” (por mais que saibamos que ele não seja), qualquer parte que se sinta lesada dentro de tal princípio tem a legitimidade de contestar.

Assim, a Folha caminha em um terreno arenoso, pois pode ser traída a qualquer momento pela sua própria insistência em se declarar um jornal imparcial, quando na verdade não é. E que seja salientado: as críticas feitas ao “modus operandis” do veículo de comunicação não são, em aspecto nenhum, formas de tentar cercear a liberdade de expressão do jornal, mas tão somente cobranças sobre a coerência do discurso e da prática da linha editorial do mesmo. Acompanhemos de perto, portanto, qual será a “neutralidade” dada na cobertura dessas eleições pelo jornal. O certo é que, ao que tudo indica, a ombudsman da Folha terá muito trabalho pela frente.

sábado, 22 de maio de 2010

E agora, José?

Escritos há mais de cinqüenta anos pelo extraordinário poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, os versos de um de seus mais conhecidos poemas – “José” – nunca pareceram tão bem contextualizados diante do cenário eleitoral que se deflagra no Brasil neste ano. “Sozinho no escuro/qual bicho-do-mato,/sem teogonia,/sem parede nua/para se encostar,/sem cavalo preto/que fuja a galope,/você marcha, José!/José, pra onde?”. Após a divulgação de três importantes pesquisas na última semana – Vox Populi, CNT/Sensus e Datafolha – mostrando forte crescimento da pré-candidatura governista de Dilma Rousseff e queda do tucano José Serra, a pergunta que todos se fazem no meio político é a mesma do poeta de Itabira: “José, pra onde?”.

Mais do que mostrar um forte avanço da petista, até então desconhecida para a grande maioria dos brasileiros, e uma estagnação, para se dizer o mínimo, da pré-candidatura de José Serra, as recentes pesquisas revelam um cenário bastante favorável para um crescimento ainda maior de Dilma Rousseff. Isto porque a petista tem duas coisas que contam muito a seu favor: a primeira delas é o apoio do presidente mais popular da História recente do Brasil, que deve lhe garantir um bom percentual de votos até outubro. Todas as pesquisas divulgadas revelam que uma expressiva parcela do eleitorado declara que votará com certeza no candidato – ou candidata, no caso – apoiado por Lula.

No Nordeste, por exemplo, mais de 50% dos eleitores, na média, declaram que votarão certamente naquele candidato que Lula recomendar. Sem contar o percentual expressivo de eleitores que declara que pode votar no candidato apoiado por Lula, dependendo naturalmente do nome. Isso por si só já estabelece um cenário de amplo potencial de crescimento para a candidatura de Dilma Rousseff, que deve galgar níveis ainda maiores de aceitação pelo eleitorado a partir de agosto, quando tem início a propaganda eleitoral de rádio e TV. Qual seria, então, o segundo fator que colabora para o desenho de um cenário amplamente favorável à candidatura governista?

Serra e a artificialidade do “pós-Lula”
Ora, o segundo fator que tem contribuído decisivamente para as excelentes perspectivas de crescimento da candidatura de Dilma é a dificuldade que a campanha do seu principal adversário, José Serra, está tendo para acertar “a mão” de sua estratégia no jogo eleitoral. Vejamos: diante dos elevados índices de aprovação do presidente Lula e de seu governo, uma estratégia que apresentasse o tucano como uma oposição a Lula seria uma forma de “kamikaze” político, pois a grande maioria dos brasileiros deseja uma continuidade do governo Lula, como mostram todas as pesquisas divulgadas recentemente.

Qual foi a opção adotada, então, pela coordenação da campanha de Serra desde o lançamento de sua pré-candidatura, no dia 10 de abril? Os demo-tucanos optaram pelo óbvio: Serra travestiu-se de um personagem amigável, meigo, simpático – que em nada lembrava o sisudo José Serra dos últimos sete anos – e que se apresentava ao eleitor como um “pós-Lula”. Elogios ao presidente não faltaram: em todos os locais por onde passava – seja nos estados onde Lula é mais popular ou em entrevistas a programas, como o do jornalista José Luiz Datena, da Band – o pré-candidato tucano destacava o carisma do presidente Lula e reconhecia os avanços de seu governo.

Serra tentou se tornar, assim, um “governista de última hora”, com o claro objetivo de arrebanhar parte do eleitor cativo de Lula. Por outro lado, o tucano não poupou críticas indiretas à pré-candidata petista, à qual ele tentou insistentemente colar o rótulo da “falta de experiência” pelo fato de Dilma não ter ainda ocupado cargo eletivo, ignorando assim a longa trajetória da petista na vida pública. O que o tucano pretendia com isso era provar o improvável: que ele é uma continuidade do governo Lula mais natural do que a própria Dilma, que é a candidata apoiada pelo presidente. Ao evitar correr o risco de se apresentar como um candidato de oposição a Lula, Serra preferiu usar um discurso que o aproximasse do presidente. Não colou.

Tanto não colou que as pesquisas – todas elas – mostraram um forte crescimento de Dilma. Na Vox Populi e na CNT/Sensus, a petista já aparece à frente do ex-governador de São Paulo, embora, considerando-se a margem de erro, estejam tecnicamente empatados. E até mesmo a Datafolha, que nos dois levantamentos anteriores nadou contra a maré e mostrou Serra bem à frente de Dilma (enquanto os outros institutos mostravam empate), na pesquisa divulgada neste sábado, 22, registrou forte crescimento da ex-ministra e recuo do tucano, colocando os dois empatados com 37% das intenções de voto.

Que caminho seguir?
A pré-campanha caminha, assim, para sua fase final mostrando um cenário que está longe de ser aquele esperado pela oposição. A estratégia do Serra “pós-Lula”, utilizada até aqui, mostrou-se artificial e insuficiente para conter o avanço de Dilma. Entra aqui a pergunta de Drummond: “E agora, José?”. Serra tem basicamente dois caminhos: ou continua investindo nessa estratégia artificial de se apresentar como pós-Lula ou então segue os desejos de boa parte de seus aliados – que é a radicalização do discurso e o crescimento do tom das críticas ao presidente Lula e, em especial, à ex-ministra Dilma Rousseff.

Em um cenário de estratosférica aprovação popular do governo Lula, o ônus da segunda possibilidade de caminho a ser trilhado por Serra é certo. Por outro lado, seguir com a mesma estratégia de se apresentar como “governista de última hora” tira de Serra a posição de agente de sua própria campanha, já que o êxito de sua candidatura passa a depender menos dele e mais de erros na campanha de Dilma. Não é preciso ser analista político para dizer o quanto isso é arriscado, especialmente pelo fato da ex-ministra estar muito bem assessorada e estar se saindo cada dia melhor em suas entrevistas e discursos.

Dilma tem uma vantagem que o tucano não tem nessa eleição: ela tem o conforto de poder assumir o projeto que representa, de dizer abertamente que é a candidata da continuidade. O ex-governador de São Paulo, por outro lado, carrega o desconforto de não poder assumir o seu projeto político e de ter que esconder o seu próprio DNA político para evitar associações com o governo FHC, do qual ele foi parte integrante. Aliás, parece que FHC mais uma vez é a pedra no sapato de Serra: em 2002, quando concorreu com Lula à Presidência, Serra tinha que dizer que não era continuidade, já que todos queriam a mudança. Agora, oito anos depois, Serra tem que dizer que é a continuidade, já que ninguém quer a mudança.

O que se vê aqui é que o horizonte eleitoral não está nem um pouco favorável para o tucano. Se subir o tom das críticas ao presidente Lula e à ex-ministra Dilma pode matar por antecipação a possibilidade de êxito da candidatura de Serra, seguir se apresentando como “pós-Lula” e confiando apenas em erros no campo da candidatura governista pode levar ao tucano a mais um desempenho vexatório nas urnas. Como se pode perceber, a situação de Serra não está nada fácil. Assim como o eu-lírico de Drummond, Serra segue marchando. “José, pra onde?”.

Datafolha mostra Dilma e Serra empatados e revela cenário favorável à petista

Em sintonia com as mais recentes pesquisas de intenção de voto sobre a disputa presidencial, levantamento do Datafolha, divulgado na manhã deste sábado, 22, mostra um forte crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, e um recuo do seu principal adversário, o tucano José Serra. De acordo com os números da pesquisa, Dilma subiu 7 pontos percentuais em relação à pesquisa de abril, passando, assim, de 30% para 37% das intenções de voto. Serra, por sua vez, recuou 5 pontos percentuais, de 42% para também 37%, segundo o levantamento.

A pré-candidata do PV, Marina Silva, aparece com 12% das intenções de voto, permanecendo, assim, estável em relação ao levantamento anterior. Brancos e nulos somam 5%, enquanto o percentual de indecisos é de 9%. O forte crescimento de Dilma ocorre num contexto em que os brasileiros vão identificando cada vez mais a petista como candidata do presidente Lula. Com a elevada aprovação de Lula e o desejo de continuidade das políticas desenvolvidas em seu governo, projeta-se um crescimento cada vez maior para Dilma, cuja imagem deve ficar ainda mais “colada” à do presidente a partir do início oficial da campanha, no dia 6 de julho.

Vale destacar que na pesquisa espontânea, aquela em que não é apresentada uma lista de opções para que o eleitor escolha um nome, Dilma está isolada na frente. Neste tipo de pesquisa, a petista aparece com 19% das intenções de voto, 6 pontos percentuais acima, portanto, do nível alcançado em abril. O tucano, por sua vez, aparece com 14% das intenções de voto. É interessante destacar que parte dos eleitores, que não sabem ainda que Lula não será candidato, ainda citam o presidente em suas declarações de intenção de voto. Assim, Lula tem 5% das intenções de voto na pesquisa espontânea, enquanto 3% afirmam que votarão no “candidato de Lula” e 1% diz que votará no PT.

Segundo turno e rejeição
O Datafolha também fez uma simulação de um segundo turno entre Dilma e Serra. Neste cenário, a petista novamente levou a melhor, atingindo 46% das intenções de voto, o que representa um considerável crescimento de 6 pontos percentuais frente ao patamar registrado na pesquisa de abril, quando ela aparecia com 40% na simulação de segundo turno. O tucano Serra, por sua vez, atingiu 45% das intenções de voto, o que representa uma queda de 5 pontos percentuais na comparação com o levantamento anterior, quando ele aparecia com 50% das intenções de voto.

No quesito rejeição, a ex-ministra também levou a melhor, já que a pesquisa Datafolha mostrou uma queda de 4 pontos percentuais na rejeição a Dilma, que passou, dessa maneira, de 24% para 20%. Por outro lado, a rejeição a Serra subiu 3 pontos percentuais, passando de 24% para 27% neste levantamento. Marina Silva, por sua vez, viu sua rejeição despencar de 20% para 14%, segundo os números divulgados pelo Datafolha. O Datafolha entrevistou 2.660 pessoas entre os dias 20 e 21 de maio. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O governo Lula e a política de expansão do crédito ao setor produtivo

É praticamente consensual entre os economistas que uma das condições indispensáveis para a garantia do crescimento econômico continuado é a implementação de políticas públicas de fomento ao setor produtivo. Por esse tipo de política pública entendemos a coordenação e execução de programas que visem ao desenho de políticas setoriais amplas, além de ações de desoneração tributária e também de programas que facilitem o acesso ao crédito, favorecendo, dessa maneira, a ampliação dos investimentos do empresariado.

Neste sentido, quando fazemos uma análise dos dados e das políticas desenvolvidas pelo governo Lula nestes últimos oito anos, podemos constatar que o setor produtivo foi amplamente beneficiado por uma série de medidas do governo, que vão desde a implementação de uma política industrial forte até a desoneração de alguns setores da economia, especialmente entre 2008 e 2009. Não devemos deixar de lado também os elevados investimentos do governo em Ciência &Tecnologia, que são muito importantes no sentido de ampliar a fronteira de possibilidade de produção da economia.

Contudo, trataremos neste artigo de um aspecto muito relevante implementado pelo governo Lula e que contribuiu decisivamente para o bom desempenho do setor produtivo brasileiro desde 2003: a ampliação do crédito aos empresários. Neste sentido, a expansão das linhas de crédito e do volume de empréstimos ao setor produtivo, especialmente por parte do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) possibilitou um forte crescimento do investimento privado entre 2003 e 2009, contribuindo de forma positiva para a economia como um todo, especialmente no que diz respeito à geração de novos empregos.

Desembolsos do BNDES quadruplicam em seis anos
Para se ter uma idéia, em 2003 o volume de desembolsos do BNDES foi de R$ 35,1 bilhões, ficando em linha com a média dos anos imediatamente anteriores. Desde então, atendendo a uma política econômica orientada aos incentivos ao setor produtivo, o banco estatal de fomento iniciou uma trajetória de crescimento no volume de desembolsos, de forma que em 2009 os empréstimos do BNDES totalizaram R$ 137,3 bilhões. Isto corresponde a um valor quatro vezes maior do que aquele registrado em 2003. No gráfico abaixo, pode-se visualizar a evolução anual dos desembolsos do BNDES desde 1997.

O expressivo aumento da concessão de crédito pelo BNDES nos últimos anos, sobretudo em 2009, como resposta do governo Lula à crise financeira mundial, revela profundamente o vigor da economia brasileira e as boas perspectivas do setor produtivo. Afinal de contas, se os empresários estão procurando maiores financiamentos é porque estão ampliando os seus investimentos em maquinários, expansão das plantas industriais e desenvolvimento de novas tecnologias. Neste contexto, teve especial destaque o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) que, em apenas seis meses (entre julho e dezembro), atingiu R$ 37,1 bilhões em sua carteira.

O BNDES-PSI foi criado pelo governo Lula com o objetivo central de garantir a manutenção dos investimentos e minimizar os efeitos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira, com foco nos setores de bens de capital, exportação e inovação. Do total contratado na carteira do PSI no ano passado, R$ 28,1 bilhões correspondem a operações de venda de máquinas, equipamentos, ônibus e caminhões; R$ 8,7 bilhões referem-se ao financiamento à exportação e R$ 300 milhões, à inovação. É interessante destacar, ainda, que o PSI contribuiu para o aumento dos financiamentos às micro e pequenas empresas, que alcançaram R$ 16,5 bilhões em 2009, um forte crescimento de quase 24% frente ao nível alcançado no ano anterior.

Forte crescimento dos desembolsos no Norte/Nordeste
É muito importante destacar que a política de concessão de novos financiamentos do BNDES tem contribuído de forma expressiva para reduzir as desigualdades regionais. Neste sentido, o volume de desembolsos para regiões anteriormente secundarizadas tem crescido a taxas bastante consideráveis: em 2009, por exemplo, as liberações de empréstimos para projetos de investimentos nas regiões Norte e Nordeste superaram R$ 33 bilhões, segundo informações do banco.

Durante todo o ano passado, a taxa de crescimento em relação a 2008 foi de 126% para a região Norte e de 189% para a região Nordeste. As regiões responderam, respectivamente, por 8% e 16% do total dos desembolsos do BNDES, percentual superior à participação delas no PIB nacional. A liberação de empréstimos para projetos do setor produtivo nas regiões Norte e Nordeste contribuiu decisivamente para uma maior geração de empregos naquelas regiões, como mostrado pelos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) relativos àquele ano.

Percebe-se, dessa maneira, que a ampliação do crédito ao setor produtivo, por meio de uma política voltada ao maior protagonismo do BNDES, contribuiu sobremaneira para o bom desempenho da economia brasileira nos últimos anos. A elevação constante dos níveis de investimento por parte do empresariado garantiu a geração de novos postos de trabalho em todo o país, inclusive em regiões que em décadas anteriores ficaram em segundo plano nas políticas de desenvolvimento regionais. Dessa maneira, combinado com outras medidas, a ampliação do crédito foi um dos principais fatores para colocar o Brasil definitivamente em uma rota de crescimento sustentado nos próximos anos.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quem foi que disse que o Bolsa Família deixa os beneficiários mal acostumados?

Os críticos do Bolsa Família, programa de transferência de renda implantado pelo governo Lula em 2003, não se cansam de repetir, quase como mantra, que o programa, que hoje atende mais de 12 milhões de famílias em todo o Brasil, constitui uma forma de “assistencialismo” e que deixa os seus beneficiários “mal acostumados”. Ora, esse tipo de afirmação traz consigo uma visão elitista e preconceituosa, que só pode ser fruto de um grande desconhecimento da estrutura do programa ou então de pura má fé intelectual.

O Bolsa Família é voltado para famílias em situação de extrema pobreza (com renda mensal per capita de até R$ 70) e em situação de pobreza (com renda mensal de R$ 70 a R$ 140 por pessoa). Existem três formas de benefício: o básico (no valor de R$ 68, pago às famílias extremamente pobres), o variável (que paga um valor de R$ 22 por cada criança ou adolescente até 15 anos de idade, sendo que cada família pode receber no máximo 3 benefícios variáveis) e o variável vinculado ao adolescente (no valor de R$ 33 por cada adolescente com idade de 16 ou 17 anos, sendo permitido um máximo de dois benefícios).

Dessa maneira, os benefícios pagos por família pelo programa variam de um mínimo de R$ 22 a um teto de R$ 200, dependendo da renda mensal per capita, do número de crianças com idade até 15 anos e também do número de adolescentes com 16 ou 17 anos. Assim, por exemplo, uma família que possui renda per capita inferior a R$ 70 e que possua 2 crianças até 15 anos e 1 adolescente de 17 anos, tem direito a receber o valor de 145, que corresponde ao benefício básico (R$ 68) + 2 benefícios variáveis (R$ 44) + 1 benefício variável vinculado ao adolescente (R$ 33).

O Bolsa Família e o desenvolvimento da saúde e educação
Além da transferência de renda, que por si só já é extremamente importante, haja vista a desigualdade social a que estão submetidas as famílias beneficiadas, o programa Bolsa Família tem em seu desenho um aspecto muito importante, que são as condicionalidades estipuladas às famílias para receberem o benefício. Mas o que seriam essas condicionalidades? As condicionalidades nada mais são do que compromissos assumidos pelo poder público e também pelas famílias beneficiárias nas áreas de saúde e educação.

Neste sentido, o governo Lula, ao desenhar esse arcabouço, teve uma grande “sacada”, uma vez que atrelou o recebimento do benefício a compromissos que por si só melhoram as condições de vida da população atendida pelo Bolsa Família. É uma espécie de círculo virtuoso se considerarmos a questão do desenvolvimento humano, já que o governo não “dá” apenas o dinheiro, mas estimula as famílias a cuidarem de aspectos ligados à saúde e educação, de forma a ampliar as possibilidades de uma melhora de vida que seja sustentável no longo prazo.

Na área da saúde, por exemplo, o Bolsa Família estipula duas condicionalidades básicas para a concessão do benefício: as crianças de até sete anos de idade devem estar com o calendário de vacinação devidamente em dia e as mulheres grávidas devem realizar consultas de pré-natal periodicamente, de acordo com o calendário estipulado pelo Ministério da Saúde. Já na educação, o programa estipula que crianças de 6 a 15 anos devem estar matriculadas regularmente em uma escola e terem freqüência mínima de 85% das aulas, enquanto os adolescentes de 16 e 17 anos também devem frequentar as aulas, tendo uma freqüência mínima de 75%.

Mais que dar o peixe: ensinando a pescar
O que foi dito até aqui pode parecer muito pouco aos olhos dos mais céticos e que ecoam o velho ditado popular de que “o importante não é dar o peixe, mas sim ensinar a pescar”. E aí está um dos grandes diferenciais do Bolsa Família em relação a todos os tipos de programas sociais feitos anteriormente: ele vai muito além de dar o peixe, mas ensina de fato a pescar. Isto porque o governo Lula articula com Estados e Municípios e também com algumas Fundações uma série de ações integradas complementares ao programa, que visam criar condições para a auto-suficiência dos beneficiários.

É importante que se diga aqui que o Bolsa Família trabalha com um parâmetro de dois anos de concessão do benefício, podendo, naturalmente, ser renovado a partir do recadastramento do beneficiário. Contudo, a idéia não é essa: o propósito do programa é que nesse intervalo de dois anos as famílias beneficiadas participem de ações de capacitação, geração de renda e emprego, economia solidária. Assim, terminado este período, se a família alcançou renda acima do critério utilizado para concessão de benefícios e já adquiriu condições para se sustentar, o benefício será encerrado e o Bolsa Família poderá atender a outras famílias.

Atualmente, o governo federal articula oito ações complementares que são executadas pelos ministérios, Estados, Municípios e algumas fundações. Um exemplo é o Programa Próximo Passo, do Ministério do Trabalho e Emprego, que tem como objetivo central oferecer aos beneficiários do Bolsa Família qualificação profissional nas áreas de construção civil e turismo. Existe uma ligação íntima entre esse programa e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), já que as obras deste último requerem cada vez mais pessoal capacitado. Assim, o Próximo Passo oferece qualificação para atividades como pintor, armador e montador, carpinteiro, encanador, mestre de obras, auxiliar de escritório, pedreiro, reparador, almoxarife, eletricista, operador de trator etc.

Um outro programa muito importante e que é oferecido aos beneficiários do Bolsa Família é o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf B), que tem como objetivo possibilitar o desenvolvimento rural e o fortalecimento da agricultura familiar, tendo como responsável o Ministério do Desenvolvimento Agrário. O programa disponibiliza recursos de pequenos valores e sem burocracia para pequenos investimentos em atividades agrícolas e não agrícolas no meio rural tais como: compra de pequenos animais, artesanato, implementos para fabricação de alimentos, caixas de abelha etc.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome também fez uma parceria muito bem sucedida com a Construtora Norberto Odebrecht no sentido de criar o Programa de Qualificação Profissional Continuada – o Acreditar. O objetivo é preparar os beneficiários do Bolsa Família e pessoas inscritas no Cadastro Único para oportunidades de emprego nas obras da empresa no País. As pessoas capacitadas têm prioridade nas contratações da construtora, sendo oferecidos cursos preparatórios nas áreas de operação de máquinas, mecânica, elétrica e construção civil. Além dos programas citados, são desenvolvidos outros no sentido de capacitar profissionalmente e possibilitar a geração de renda para os beneficiários.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dão conta que 77% dos beneficiários do Bolsa Família estão no mercado de trabalho formal e informal, o que mostra que as ações complementares do governo e que a estruturação geral do Programa estão sendo muito bem sucedidas. Tanto que, segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Social, nada menos que 2 milhões de beneficiários já devolveram seus cartões por terem conseguido um emprego melhor e, com isso, ampliado consideravelmente sua renda. O que se vê, portanto, é que o Bolsa Família é um programa que têm tido um êxito gigantesco no que diz respeito ao combate às desigualdades sociais existentes no país, tendo sua importância reconhecida pela própria ONU (Organização das Nações Unidas).

Assim, qualquer tentativa de desqualificar o programa só pode ser fruto do desconhecimento da estrutura do mesmo ou, como dito no início deste artigo, obra da má fé intelectual de quem repete argumentos contrários ao programa. Nestes quase oito anos de existência, o Bolsa Família mostra cada dia mais sua importância para a economia brasileira como um todo, uma vez que ao ampliar a renda de milhões de brasileiros, o programa impulsiona o desenvolvimento regional, através do comércio, indústria, serviços etc, criando mais empregos e retroalimentando todo o ciclo virtuoso. Por isso, o Bolsa Família é hoje o mais poderoso instrumento para erradicação completa da miséria no país.

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Dá para acreditar que Serra vai manter e ampliar o Bolsa Família?

Tarso Genro lidera disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, revela Vox Populi

Pesquisa Vox Populi divulgada na noite desta quinta-feira, 20, mostra que o pré-candidato do PT, Tarso Genro, lidera a disputa pelo governo do Rio Grande do Sul. Neste sentido, Tarso aparece com 34% das intenções de voto, enquanto José Fogaça (PMDB) alcança 29%, segundo os números do Vox Populi. No terceiro lugar fica a atual governadora Yeda Crusius (PSDB), com 10% das intenções de voto. Brancos e nulos somam 5%, enquanto 20% não souberam ou não quiseram opinar.

Na pesquisa espontânea, por sua vez, Tarso também lidera, contabilizando 10% das intenções de voto. Fogaça vem em segundo lugar, com 8%, enquanto Yeda ficou com 4% e Beto Albuquerque (PSB), que retirou nesta semana sua pré-candidatura, teve 1%. É interessante destacar que 1% dos entrevistados mencionaram, na pesquisa espontânea, o nome do ex-governador Germano Rigotto, do PMDB.

Por outro lado, a governadora gaúcha do PSDB lidera quando o assunto é rejeição: de acordo com a pesquisa, 36% dos entrevistados afirmaram não votar de jeito nenhum em Yeda Crusius. Em seguida, vem Tarso, com 7% de rejeição, seguido de Fogaça, com 4%.

Dilma cresce e atinge 31% das intenções de voto no RS
Na disputa presidencial, o pré-candidato tucano à Presidência da República segue na liderança das intenções de voto dos gaúchos, com 46%. A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, cresceu 6 pontos percentuais desde a última pesquisa, em janeiro, passando de 25% para 31% das intenções de voto. Marina Silva, do PV, atingiu, por sua vez, 4% das intenções de voto, contra 5% do levantamento realizado em janeiro.

Quando o assunto é transferência de votos, 17% dos entrevistados afirmaram que votarão com certeza no candidato apoiado pelo presidente Lula, enquanto 41% declararam que podem votar, a depender do nome. Por outro lado, 11% dos entrevistados afirmaram que não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula. A pesquisa contou com 700 entrevistas e está registrada no Tribunal Regional Eleitoral sob número 15.855/10 e no Tribunal Superior Eleitoral sob número 11.313/10.

Petiscos do dia - 20 de maio

Dilma fará apresentação a investidores internacionais, em NY: a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, viajou na noite de quarta-feira, 19, para Nova York, nos Estados Unidos, onde passará dois dias. Na noite desta quinta-feira, Dilma participará de um jantar em homenagem ao presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, que receberá o prêmio “Personalidade de 2010” da Câmara Brasileira-Americana de Comércio. O presidente da GE, Jeffrey Robert Immelt, também será homenageado no evento.

Junto com Dilma viajou também o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB), cotado para ser vice na chapa da petista. Na terça-feira dessa semana, a Executiva do PMDB oficializou a indicação do nome de Temer para compor a chapa com a ex-ministra, que ainda deve ser aprovada na convenção nacional do partido, marcada para o dia 12 de junho. Vale lembrar que o homenageado Henrique Meirelles é um dos quadros mais novos do PMDB.

Na sexta-feira, 21, pela manhã, Dilma fará uma apresentação sobre as mudanças ocorridas no Brasil, nos últimos sete anos, para uma plateia de investidores internacionais em Nova York. O evento, intitulado “A Eleição Presidencial Brasileira de 2010” é organizado pela BM&F Bovespa, a bolsa de valores brasileira.

Lula cria, por decreto, plano de combate ao crack: a cena política também foi marcada nesta quinta-feira, 20, pela assinatura, pelo presidente Lula, de um decreto presidencial que institui o Plano Integrado para Enfrentamento do Crack e outras drogas. De acordo com informações da Agência Brasil, o governo federal vai investir R$ 410 milhões neste ano para implementar as ações do plano, que atuará em três frentes: prevenção, combate e tratamento.

O anúncio do plano ocorreu no encerramento da Marcha Nacional em Defesa dos Municípios. Entre as medidas instituídas pelo plano estão o treinamento de profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social para atender os dependentes e a famílias e alertar sobre os riscos de uso da droga. Lula ainda destacou a elaboração de estudos aprofundados sobre os efeitos do uso do crack e o impacto econômico, além do mapeamento das rotas do tráfico.

Segundo a ministra interina da Saúde, Márcia Bassit, a pasta destinará, de imediato, R$ 90 milhões para ampliar o número de leitos nos hospitais de 2,5 mil para 5 mil. Além disso, o ministério pretende promover a transformação de 110 centros especializados em álcool e drogas (Caps-AD), em municípios com mais de 250 mil habitantes, em CAPS III, que funcionarão 24 horas por dia.

O governo busca, com o Plano Nacional de Combate ao Crack, reforçar a fiscalização nas fronteiras, principalmente com o Peru, a Bolívia e Colômbia, para impedir que a droga entre no país. No seu discurso aos prefeitos, Lula pediu aos chefes dos executivos municipais um profundo comprometimento com as políticas públicas de combate às drogas, lembrando que a droga surgiu nos grandes centros urbanos mas que hoje em dia já está alastrada também nos pequenos municípios.

Dieese apura forte crescimento do emprego na metalurgia: um estudo divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) nesta quinta-feira, 20, revelou uma significativa expansão de 60% no nível de emprego do setor metalúrgico ao longo dos últimos oito anos. De acordo com o levantamento, o setor emprega atualmente 2,1 milhões de trabalhadores, um nível bastante próximo àquele registrado pelo segmento entre 1987-1988, quando os postos de trabalho no setor metalúrgico somavam 2,4 milhões em todo país.

O Dieese revela que o quadro poderia ser ainda melhor não fossem os efeitos da crise econômica entre 2008 e 2009. Isto porque a metalurgia vinha registrando uma série mensal ascendente até outubro de 2008, quando o setor começou a ser abalado pelos efeitos da crise financeira internacional. Assim, entre outubro de 2008 e julho de 2009, o nível de emprego no setor metalúrgico passou a registrar fortes declínios mensais, tendência que foi revertida a partir de agosto do ano passado, com a recuperação econômica.

De acordo com Carlos Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, os empresários aproveitaram a crise para demitir trabalhadores mais antigos, aumentando a rotatividade e recontratando a valores mais baixos. "Houve um exagero. E seria um caos se tivéssemos entrado na onda de alguns empresários que, em janeiro de 2009, queriam reduzir jornada e salário”. Segundo o Dieese, os cortes no emprego da metalurgia durante a crise só não foram maiores por conta das medidas tomadas pelo governo federal, como a redução do IPI e a ampliação das linhas de crédito pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Serra vai ao RS flertar com PP e com ala do PMDB gaúcho: o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, cumpriu agenda nesta quinta-feira em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde teve um almoço com lideranças locais do PMDB e logo em seguida participou de uma reunião com o PP. De acordo com matéria da Folha Online, um deputado do PMDB gaúcho, que não quis se identificar, revelou que o partido fecharia apoio a Serra no estado.

"Quando o PMDB gaúcho abre o voto, significa que vai para a campanha", disse o parlamentar, sob o compromisso do anonimato. Esse mesmo deputado afirmou, segundo informações da Folha, que “Serra vai fazer disto um contraponto ao Temer. Vai mostrar para o Brasil que os históricos do PMDB, os autênticos, estão com ele". Vale destacar que o PMDB de São Paulo e de Pernambuco também devem fechar apoio ao tucano.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Vox Populi: Dilma cresce forte e reduz vantagem de Serra no maior colégio eleitoral do país

Os números da pesquisa Vox Populi em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, divulgados na noite desta quarta-feira, 19, certamente fizeram os tucanos acenderem o sinal de alerta vermelho. Isto porque a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, registrou um forte crescimento nas intenções de voto no estado, reduzindo, assim, a vantagem do pré-candidato, José Serra (PSDB). Vale lembrar que o estado de São Paulo é conhecido por ser reduto do tucanato e daí a preocupação da oposição: a perda de espaço no estado onde o PSDB costuma se sair melhor.

De acordo com o levantamento, Dilma saltou de 18% das intenções de voto em janeiro para 30% em maio. Em contrapartida, Serra recuou 5 pontos percentuais, caindo de 49% para 44% das intenções de voto. Assim, a diferença que há quatro meses era de 31 pontos percentuais passou para apenas 14 pontos percentuais segundo a Vox Populi. A pré-candidata do PV, Marina Silva, avançou, por sua vez, três pontos percentuais, passando de 7% para 10% das intenções de voto. Brancos e nulos somaram 9% e 7% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

O potencial de transferência de votos do presidente Lula para seu candidato a Presidente também segue elevado no estado. Neste sentido, 24% dos entrevistados paulistas afirmaram que votarão com certeza no candidato indicado por Lula, enquanto 27% declararam que podem votar, dependendo do nome. Por outro lado, 16% declararam não votar de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula, ao passo que 30% não levarão em conta a opinião do presidente.

Alckmin lidera disputa pelo governo de SP
Na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes, o tucano Geraldo Alckmin continua levando a melhor. De acordo com os números do Vox Populi, Alckmin tem 51% das intenções de voto, contra 19% do petista Aloízio Mercadante. Em terceiro lugar, aparece o pré-candidato do PP, Celso Russomano, com 12% das intenções de voto, seguido de Paulo Skaf (PSB), com 2%. Brancos e nulos somaram 9%, enquanto 7% declararam que não sabem ou não quiseram responder.

No cenário sem Celso Russomano, Alckmin alcança 55% das intenções de voto, enquanto Mercadante registra 22% das intenções de voto. Neste cenário, Paulo Skaf alcança 3% das intenções de voto. Brancos e nulos somam 11% e 9% não sabem ou não quiseram opinar. Os números do Vox Populi também revelam que o petista Mercadante possui o maior índice de rejeição, de 21%, seguido por Paulo Skaf, com 19% e Celso Russomano, com 14%. Alckmin tem 11% de rejeição, segundo a pesquisa.

A pesquisa Vox Populi/Band foi feita entre os dias 8 e 11 de maio e foram entrevistadas 1 mil pessoas. A margem de erro é de 3.1 pontos percentuais. A pesquisa foi protocolada no TRE/SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) no dia 7 de maio com número 27.476/10 e no TSE (Tribunal Superior Eleitora) no dia 10 de maio com número 11.307/10.

No Rio, Dilma deixa Serra para trás e lidera com 38%, revela Vox Populi


Pesquisa Vox Populi feita no estado do Rio de Janeiro, o terceiro maior colégio eleitoral do país, e divulgada na noite desta quarta-feira, 19, mostrou uma grande virada da pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, sobre o seu principal adversário José Serra (PSDB). Neste sentido, Dilma avançou 10 pontos percentuais na comparação com o levantamento de janeiro e passou de 28% para 38% das intenções de voto. Serra, por outro lado, recuou 8 pontos percentuais e caiu de 32% para 24%. Assim, a petista assume a liderança com folga no Rio.

A pré-candidata do PV, Marina Silva, atingiu 12% das intenções de voto, ligeiramente abaixo dos 13% alcançados no levantamento feito em janeiro. Na pesquisa espontânea, o desempenho de Dilma em relação a Serra fica ainda melhor: a ex-ministra alcança 16% das intenções de voto, mais que o dobro do registrado pelo tucano, que foi de 7%. O presidente Lula, que não será candidato, foi lembrado por 10% dos entrevistados. O Vox Populi também fez uma simulação de segundo turno entre Dilma e Serra: a petista venceria com 43% das intenções de voto contra 28% do ex-governador de São Paulo.

O excelente desempenho de Dilma pode ser associado também à transferência de votos do Presidente Lula. De acordo com a pesquisa Vox Populi, 29% dos entrevistados no Rio afirmaram que votarão com certeza no candidato apoiado por Lula, enquanto 31% disseram que poderão votar, dependendo do nome. Por outro lado, apenas 10% declararam não votar de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula, enquanto 25% não levarão em conta o apoio de Lula para decidir seu voto. Vale destacar que, segundo a pesquisa, 68% dos entrevistados avaliam o governo Lula como positivo, 29% como regular e apenas 4% como negativo.

Disputa estadual: Sérgio Cabral lidera com folga
No que se refere à disputa para governador do Estado do Rio de Janeiro, a Vox Populi mostrou que o atual governador Sérgio Cabral (PMDB), que tenta a reeleição, alcança 41% das intenções de voto, dois pontos percentuais acima dos 39% alcançados em janeiro. Empatados tecnicamente no segundo lugar estão Fernando Gabeira (PV), com 19% das intenções de voto e Anthony Garotinho (PR), com 18%. Em janeiro, Gabeira aparecia com 18% e Garotinho com 20% das intenções de voto. Brancos e nulos somaram 14% e 8% não souberam ou não quiseram responder.

De acordo com a pesquisa, o pré-candidato com maior índice de rejeição é Garotinho, com 35%. Gabeira está em segundo com 23% e Cabral aparece com 11%. O Vox Populi ouviu 800 eleitores entre 8 e 11 de maio, com 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE com o protocolo de número 11.323/10.

Petiscos do dia - 19 de maio



Dilma participa de sabatina com prefeitos em Brasília: no final da manhã desta quarta-feira, 19, a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, participou de uma sabatina promovida pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN), em Brasília. Também participaram os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV). Serra foi o primeiro a falar aos prefeitos, seguido por Marina e, posteriormente, Dilma. A petista foi muito aplaudida pelos presentes e foi a única presidenciável que foi aclamada pelos prefeitos aos gritos de “Presidente”. Dilma deixou o evento sob os gritos de “Brasil pra frente, Dilma Presidente”.

Confira abaixo os principais trechos do discurso de Dilma, segundo informações do portal “Dilma na Web”:

Desonerações tributárias na crise de 2008
“Quando o governo do presidente Lula começou, o bolo tributário era de 13% para os municípios e hoje é de 19%. Acho que a crise [internacional do final de 2008] trouxe uma medida compensatória para as prefeituras que perderam com a arrecadação menor de impostos. Eu sou contra fazer bondade com o chapéu alheio e sou a favor de diálogo. E diálogo não se faz com cães e polícia contra os prefeitos, como no passado. Temos de discutir esse equilíbrio de despesas e receitas. Se tem um governo que não quis perda para os municípios é o governo Lula”.

Programas federais nas cidades
“Se tem um governo que fez programas sociais é o governo Lula. O Bolsa Família não seria o melhor programa de transferência de renda do mundo sem parceria com prefeitos. É inequívoco que os prefeitos tiveram ganhos, porque nos momentos de crise as pessoas perdiam o emprego e iam à casa deles para pedir compensação, cesta básica. Temos o Programa de Aquisição de Alimentos e a melhoria da verba para a alimentação escolar que passou de R$ 0,09 para R$ 0,30 centavos. É fundamental consolidar os programas sociais numa lei para que não signifiquem um prejuízo aos municípios e uma ausência das políticas”.

Recursos para a saúde
“Assumo o compromisso de lutar pela Emenda 29, sobretudo considerando os princípios de universalização, equidade e melhoria na qualidade da saúde. Mas não sou pessoa que se presta à demagogia em questões relevantes na saúde. Houve perda de R$ 40 bilhões quando a CPMF foi extinta, mas sabemos que para cada despesa precisa de uma receita. O país entrou em trajetória de crescimento, e a arrecadação de impostos cresce. O que tem por trás do meu compromisso é que entramos em uma nova era de prosperidade e podemos sim ter recursos suficientes para saúde de melhor qualidade. Mas temos de melhorar a gestão na área da saúde, integrar mais os programas e melhorar os serviços. Essa é uma questão de dinheiro, gestão e respeito com a população”.

Crianças em creches
“Uma das maiores prioridades nos próximos anos é a questão das creches. É a forma de atacar na raiz a desigualdade, para as mães terem certeza de que filhos estão bem enquanto vão ao trabalho. Crianças com até cinco anos de idade que têm acesso a bens culturais, higiene e educação chegam em condições muito melhores ao primeiro ano, para a alfabetização. No Brasil, há diferenças de oportunidade fortes. Se queremos ser um país desenvolvido na próxima década temos de fazer creches com qualidade e isso significa gasto de custeio. É uma prioridade que pode salvar uma geração. O custo dela não é de maneira alguma estarrecedor para que um país como o nosso não possa fazer”.

Dinheiro do petróleo
“A riqueza do petróleo, e principalmente essa do pré-sal, é de toda a nação e de todos os municípios brasileiros. Por isso, propomos ao Congresso Nacional a mudança para o sistema de partilha. A receita e a renda do petróleo não estão no royalty ou na participação especial. Elas estão lá no fundo do mar. Essa renda é a grande riqueza do petróleo que propusemos para um Fundo Social de todos os municípios, destinado à educação, erradicação da pobreza, inovação tecnológica, meio ambiente e cultura. A grande questão de recursos está na partilha. Aí está nosso passaporte para o futuro. Não estou desfazendo dos royalties e acho também que vocês devem brigar pelos royalties da mineração que é uma falha da nossa Constituição”.

Contas das prefeituras
“Me sensibilizo com a situação dos municípios porque fui secretária de Fazenda de Porto Alegre. Sou a favor do encontro de contas, porque é uma forma racional quando se tem dívida das duas partes. O governo Lula deu alguns passos nessa direção. A Receita Federal analisou as dívidas dos municípios e baixou R$ 1 bilhão. Então, considero que a consolidação desses débitos deve ocorrer o mais rápido possível, porque saímos daquela fase. Precisa ser uma saída definitiva, em que a escassez de recursos era tanta que qualquer ação para não pagar era válida”.

Fundo nacional municipal
“Queria deixar claro que essa época do prefeito com pires na mão deve ser enterrada definitivamente. Temos de respeitar as leis, e os deputados e senadores têm direito a emendas no Orçamento da União. É preciso construir um banco de projetos que beneficiassem os prefeitos e estivessem de acordo com os deputados”.

Prefeitos da oposição declaram apoio a Dilma: durante um evento na noite de terça-feira, 18, vários prefeitos do PSDB, DEM e PPS, especialmente de Minas Gerais, declararam apoio à pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. No ato, estavam presentes cerca de 1.000 prefeitos, segundo informações da Folha de São Paulo, incluindo aí integrantes dos partidos de oposição. Os prefeitos afirmaram que sempre foram muito respeitados durante o governo Lula, independentemente de suas siglas partidárias, e que, por isso, apoiariam Dilma para Presidente.

“Eu quero falar em nome de prefeitos de cidades pequenas, que pela primeira vez foram respeitados não como pontinho no mapa, mas como entes federativos, e respeitados pelo governo Lula. Não podemos voltar atrás. Infelizmente, não falo pelo meu partido, mas como cidadão. Quando cheguei aqui a Brasília nunca me perguntaram qual era meu partido. Sempre trouxe meus projetos e, desde que estivessem corretos, levávamos os recursos”, afirmou o prefeito de Itamonte (MG), Marcos Carvalho (PSDB).

Nesta mesma linha, o prefeito de Jaguariúna (SP), Gustavo Reis (PPS) afirmou “eu não sei qual vai ser o meu futuro partidário, mas o meu compromisso é com o futuro do povo brasileiro. Eu seguirei aquela que foi indicada pelo presidente Lula para dar continuidade a esse trabalho que melhorou a vida de milhões de brasileiros”. “Sou Dilma por causa das políticas do governo, capilares, com muita responsabilidade social", disse a prefeita de Ibiaí (MG), Marinilza Soares Mota (PSDB), de acordo com informações da Folha.

Serra promete criar o Programa de Aceleração da Saúde: durante a coletiva de imprensa dada após sua sabatina no encontro promovido pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília nesta manhã, o presidenciável tucano José Serra prometeu que, se eleito, criará o Programa de Aceleração da Saúde e Segurança (PAS). Sem dar maiores detalhes sobre a proposta, o tucano acabou por cometer uma gafe, pois utilizou, sem perceber, a mesma sigla de um famigerado programa implantado por Paulo Maluf (PP), durante sua gestão na Prefeitura de São Paulo (1992-1996).

No PAS de Maluf, a administração das unidades de saúde era entregue à iniciativa privada, por meio de cooperativas. Durante todo seu período de existência, o PAS de Maluf foi amplamente criticado, tanto pela piora na qualidade do atendimento quanto pelo desvio de verbas da saúde. Vale lembrar que auditorias feitas pela Secretaria Municipal de Saúde apontaram que foram gastos irregularmente R$ 43,96 milhões pelas cooperativas nos dois primeiros anos do PAS. Em 1999, na gestão do ex-prefeito Celso Pitta, o PAS foi extinto em São Paulo.

Os tropeços de Serra durante a sabatina feita nesta manhã pelos prefeitos e também durante a coletiva de imprensa, dada posteriormente, não pararam por aí: o pré-candidato tucano estava visivelmente irritado e agressivo durante todo o evento. Ao ser perguntado por um repórter sobre a possibilidade de extinguir o Bolsa Família, o ex-governador de São Paulo respondeu de forma ríspida: "Por que a pergunta? Eu gostaria de saber a fonte. Isso é uma mentira. Vou fortalecer o Bolsa Família."

Em um outro momento, um repórter do CQC, programa transmitido pela TV Bandeirantes, perguntou ao tucano, em tom de brincadeira, se a promessa feita por ele na semana passada, em Minas Gerais, de que se eleito governaria com o PT e o PV seria uma forma de garantir um cargo em um governo petista, ao qual Serra respondeu também de forma agressiva: “você está brincando, né?”. Assessores do pré-candidato justificaram a irritação de Serra nesta manhã pelo fato do tucano ter acordado cedo para o evento, pois ele não tem o hábito de acordar nas primeiras horas da manhã.

Potencial de transferência de votos de Lula segue elevado nos estados, revela Vox Populi



A análise dos dados divulgados pelo Instituto Vox Populi na noite de terça-feira, 18, sobre a disputa pela Presidência e pelos governos estaduais em sete estados brasileiros (Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Norte) mostra que o potencial de transferência de votos do presidente Lula para a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, segue bastante elevado. Neste sentido, as pesquisas estaduais do Vox Populi confirmam o melhor cenário de transferência de votos do presidente Lula nos estados do Nordeste.

O destaque fica para Pernambuco, onde uma expressiva parcela de 63% dos entrevistados afirmaram que votarão com certeza no candidato indicado por Lula para a Presidência. Enquanto isso, no Paraná, onde a transferência de votos de Lula tem o menor desempenho, a fatia dos que dizem que votarão com certeza no candidato apoiado por Lula é de 23%, um bom número também, portanto. Em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, 24% dos entrevistados afirmaram que votarão com certeza no candidato a Presidente indicado por Lula, percentual que supera a transferência de votos do ex-governador Aécio Neves, que é de 10% segundo o Vox Populi.

Esses números são importantes à medida que consolidam um cenário otimista para a pré-candidatura da petista Dilma Rousseff, que cada dia mais vem sendo associada diretamente à continuidade do governo Lula. Confira abaixo os números da transferência de voto do presidente Lula em cada um dos estados, segundo os levantamentos do Vox Populi:

01. BAHIA
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,6 pontos percentuais.

42% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
32% podem votar, dependendo do nome
7% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula
17% não levam em conta a opinião do presidente.

02. DISTRITO FEDERAL
Foram realizadas 600 entrevistas, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais

28% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
37% podem votar, dependendo do nome
13% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula

03. MINAS GERAIS
Foram realizadas 800 entrevistas, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais

24% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
37% podem votar, dependendo do nome
10% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula
26% não levam em conta a opinião do presidente.

04. PARAÍBA
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais.

55% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
25% podem votar, dependendo do nome

05. PARANÁ
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais.

23% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
32% podem votar, dependendo do nome
14% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula
29% não levam em conta a opinião do presidente.

06. PERNAMBUCO
Foram realizadas 1000 entrevistas, com margem de erro de 3,1 pontos percentuais

63% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
17% podem votar, dependendo do nome
5% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula
12% não levam em conta a opinião do presidente.

07. RIO GRANDE DO NORTE
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais

47% votam com certeza no candidato apoiado por Lula
27% podem votar, dependendo do nome
10% não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula
14% não levam em conta a opinião do presidente.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Vox Populi: Dilma está à frente de Serra em 5 dos 7 estados pesquisados

O Instituto Vox Populi divulgou entre a segunda-feira, 17, e esta terça-feira, 18, pesquisas de intenção de voto em sete estados brasileiros, mostrando um quadro muito bom para a candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República. Neste sentido, Dilma apareceu à frente do seu adversário, o tucano José Serra, em cinco dos sete estados analisados pelo Vox Populi. Serra, por sua vez, ficou na frente da petista no Paraná e, em Minas Gerais, apesar de aparecer melhor colocado, a pequena distância em relação à petista coloca os dois pré-candidatos em zona de empate técnico.

Vale destacar que em todos os casos a pré-candidata Dilma Rousseff apresentou um forte crescimento em relação a levantamentos anteriores. Confira abaixo, o resumo da pesquisa Vox Populi com os dados tanto da disputa presidencial quanto da disputa pelos governos estaduais:

01. BAHIA
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,6 pontos percentuais.

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 43%
José Serra (PSDB): 33%
Marina Silva (PV): 5%

Disputa pelo governo do estado:
Jacques Wagner (PT): 41%
Paulo Souto (DEM): 32%
Geddel Vieira Lima (PMDB): 9%
Outros: 1%
Brancos/nulos: 4%
Não sabem/não opinaram: 13%

02. DISTRITO FEDERAL
Foram realizadas 600 entrevistas, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 42%
José Serra (PSDB): 34%
Marina Silva (PV): 12%

Disputa pelo governo distrital:
Joaquim Roriz (PSC): 42%
Agnelo Queiroz (PT): 32%
Maria de Lourdes Abadia (PSDB): 6%
Rogério Rosso (PMDB): 4%
Alberto Fraga (DEM): 3%
Brancos/nulos: 9%
Não sabem/não opinaram: 4%

03. MINAS GERAIS
Foram realizadas 800 entrevistas, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 35%
José Serra (PSDB): 39%
Marina Silva (PV): 8%

Disputa pelo governo do estado – Cenário 1 (sem Pimentel):
Hélio Costa (PMDB): 45%
Antônio Anastasia (PSDB): 17%
Outros: 5%
Brancos/nulos: 10%
Não sabem/não opinaram: 23%

Disputa pelo governo do estado – Cenário 2 (sem Hélio Costa):
Fernando Pimentel (PT): 35%
Antônio Anastasia (PSDB): 21%
Outros: 6%
Brancos/nulos: 11%
Não sabem/não opinaram: 27%

04. PARAÍBA
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais.

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 55%
José Serra (PSDB): 29%
Marina Silva (PV): 3%

Disputa pelo governo do estado:
Zé Maranhão (PMDB): 43%
Ricardo Coutinho (PSB): 35%
Cícero Lucena (PSDB): 7%
Brancos/nulos: 5%
Não sabem/não opinaram: 10%

05. PARANÁ
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais.

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 34%
José Serra (PSDB): 46%
Marina Silva (PV): 7%

Disputa pelo governo do estado:
Beto Richa (PSDB): 40%
Osmar Dias (PDT): 33%
Orlando Pessuti (PMDB): 10%
Outros: 5%
Brancos/nulos: 2%
Não sabem/não opinaram: 10%

06. PERNAMBUCO
Foram realizadas 1000 entrevistas, com margem de erro de 3,1 pontos percentuais

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 54%
José Serra (PSDB): 26%
Marina Silva (PV): 3%

Disputa pelo governo do estado:
Eduardo Campos (PSB): 57%
Jarbas Vasconcelos (PMDB): 28%
Outros: 2%
Brancos/nulos: 4%
Não sabem/não opinaram: 9%

07. RIO GRANDE DO NORTE
Foram realizadas 700 entrevistas, com margem de erro de 3,7 pontos percentuais

Disputa Presidencial:
Dilma Rousseff (PT): 45%
José Serra (PSDB): 34%
Marina Silva (PV): 7%

Disputa pelo governo do estado:
Rosalba Ciarlini (DEM): 49%
Carlos Eduardo Alves (PDT): 16%
Iberê Ferreira de Souza (PSB): 15%
Outros: 4%
Brancos/nulos: 8%
Não sabem/não opinaram: 8%

Em Minas, Vox Populi aponta empate técnico de Dilma e Serra

Os números da pesquisa Vox Populi divulgados na noite desta terça-feira, 18, sobre a corrida eleitoral em Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país, trouxeram um cenário bastante otimista para a candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Neste sentido, o levantamento mostrou um forte crescimento da petista, reduzindo significativamente sua diferença em relação ao adversário José Serra (PSDB). Pelo tamanho do seu eleitorado, muitos analistas políticos acreditam que Minas será o fiel da balança nessas eleições.

De acordo com o levantamento, Dilma tem 35% das intenções de voto em Minas Gerais, contra 39% de José Serra. Como a margem de erro da pesquisa Vox Populi é de 3,5 pontos percentuais, podemos dizer que a petista e o tucano estão tecnicamente empatados. Na Vox Populi feita em janeiro, Serra aparecia com 43% das intenções de voto contra 28% de Dilma. Enquanto isso, Marina Silva (PV) alcançou 10% das intenções de voto na pesquisa divulgada nesta terça-feira, 3 pontos percentuais acima do nível alcançado em janeiro (7%). Brancos e nulos somaram 7%, enquanto 9% não sabem ou não quiseram responder.

Lula transfere mais votos que Aécio
O cenário torna-se ainda mais otimista para a candidatura petista se levarmos em conta os dados da Vox Populi sobre a transferência de votos do presidente Lula. Neste sentido, o levantamento mostra que 24% dos mineiros declararam que votarão com certeza no candidato apoiado pelo presidente, enquanto 37% afirmaram que poderiam votar dependendo do nome. Por outro lado, 10% dos entrevistados em Minas declararam que não votaram de jeito nenhum no candidato apoiado por Lula e 26% afirmaram que não levarão em conta a opinião do presidente.

A Vox Populi também testou a transferência de votos do ex-governador de Minas, Aécio Neves. De acordo com o levantamento, apenas 10% dos mineiros afirmaram que votarão com certeza no candidato a Presidente apoiado por Aécio, enquanto 46% declararam que podem votar no candidato apoiado pelo ex-governador, mas depende do nome. Em contrapartida, 11% dos entrevistados afirmaram que não votariam de jeito nenhum no candidato apoiado por Aécio, enquanto 29% declararam não levar em conta a opinião do ex-governador.

Cenário estadual: disputa pelo Palácio da Liberdade
Na corrida pelo governo do Estado de Minas Gerais, o levantamento do Vox Populi testou dois cenários distintos: um sem o pré-candidato do PT, Fernando Pimentel, e o outro sem o pré-candidato do PMDB, Hélio Costa. No cenário em que não aparece o nome do ex-prefeito de Belo Horizonte, Hélio Costa alcança 45% das intenções de voto, contra 17% de Antonio Anastasia (PSDB). Outros pré-candidatos somam 5% das intenções de voto, enquanto brancos e nulos alcançam 10%. Uma parcela de 23% dos entrevistados afirmou que não sabe ou não quis responder.

No segundo cenário, em que não aparece o nome do ex-ministro das Telecomunicações, o petista Fernando Pimentel alcança 35% das intenções de voto, contra 21% de Anastasia. Os outros pré-candidatos somam 6%. Brancos e nulos, por sua vez, alcançam 11% e 27% não souberam ou não quiseram responder. Vale destacar que o Vox Populi ouviu 800 pessoas em 45 cidades mineiras entre os dias 8 e 12 de maio. A pesquisa foi protocolada no TRE/MG com o número 25760-10 e no TSE, 11321-10.