sábado, 12 de junho de 2010

Dilma e as alianças para vencer de novo com a força do povo



Uma aliança para vencer de novo com a força do povo: essa sem dúvida é a melhor definição do amplo leque de apoios em torno da candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República. Neste sábado, 12, foi a vez do PDT e do PMDB realizarem suas convenções nacionais e oficializarem o apoio à Dilma, compondo uma aliança que dá à candidatura governista uma grande vantagem no tempo destinado à propaganda partidária na TV e também amplos e fortes palanques estaduais. Na convenção do PMDB, ocorrida em Brasília, além do apoio à candidatura petista, foi também oficializado o nome do presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, para vice de Dilma.

Em seu discurso durante a convenção do PMDB, Dilma destacou que “a nossa parceria vem de longe, como as nossas lutas vem de longe. Vem da resistência democrática, o combate à opressão, onde forjamos o compromisso inabalável com a justiça social. Era um tempo em que muitos de nós amargamos o exílio, as prisões, as perseguições. Um tempo que não se pode contar sem reverenciar grandes líderes do PMDB como Ulisses Guimarães”. Sobre a homologação de Michel Temer para seu vice, a petista declarou “o Michel Temer sintetiza a força democrática do partido que ajudou a construir, que teve o privilégio de presidir com sabedoria e equilíbrio. Ele sabe ouvir e acolher a divergência”.


Dilma relembra líderes trabalhistas em convenção do PDT
Contudo, o momento mais emocionante do sábado ficou por conta da participação de Dilma na convenção do PDT, em São Paulo. Sendo ovacionada pela platéia do partido que ajudou a fundar, em 1980, Dilma destacou em seu discurso os avanços do governo Lula e aproveitou a oportunidade para homenagear alguns líderes do trabalhismo brasileiro, que através de suas idéias e ações lançaram as bases para experiências bem sucedidas ao longo destes anos no sentido da redução da desigualdade social no país e da defesa dos interesses nacionais. Abaixo reproduzimos uma parte do discurso de Dilma, quando ela fala dos trabalhistas ilustres e destaca a importância dessa aliança entre PDT e PT:

“E hoje eu quero fazer uma saudação especial a alguns dos grandes trabalhistas, que nos deixaram, mas marcaram de forma indelével a história de nosso país e também a nossa história e as nossas consciências. Refiro-me primeiro ao grande Darcy Ribeiro, o nosso querido Darcy Ribeiro, que foi, sobretudo, um construtor da nossa brasilidade, que nós poderíamos até mudar o nome e chamar de ‘Darcy Ribeiro do Brasil’ e estaríamos fazendo até mais justiça a esse grande lutador. Ele teve momentos de imensa lucidez política, mas também era um realizador. Ele fundou a Universidade Nacional de Brasília, transformando a Universidade de Brasília numa das referências do país. Ele também levou à prática do projeto pedagógico revolucionário dos centros integrados de educação pública – os Cieps – sob a liderança do nosso inesquecível ex-governador Leonel Brizola. Ele fez muito pela educação, pela cultura e por tudo aquilo que caracteriza a nossa alma de brasileiros. Eu queria aqui aproveitar e lembrar algumas passagens do saudoso Darcy Ribeiro.

Quando ele recebeu o título de doutor em Paris, ele disse o seguinte, mais do que nunca atual: ‘sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando, como um cruzado pelas causas que comovem. Elas são muitas, são demais: é a salvação dos índios, a escolarização das crianças, a reforma agrária, o socialismo e a liberdade, a universidade necessária. Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa; horrível seria para mim ter ficado ao lado daqueles que me venceram nessas lutas’. Nós hoje estamos realizando as esperanças e as lutas do querido Darcy Ribeiro. Por isso essa homenagem é mais que necessária. Ele sempre foi uma pessoa que refletia um aspecto de nosso povo: ele era um homem desaforado e atrevido. Fugiu do hospital, não se conformava em ficar deitado no leito. E disse mais uma coisa muito importante: ‘Coragem, mais vale errar se arrebentando, do que se preparar para nada. O único clamor da vida é por mais vida bem vivida’. Essa é aqui e agora a nossa parte: uma vida bem vivida. Era um homem de luta, como vocês são, como nós somos – homens e mulheres de luta.

Eu não podia deixar de aqui mencionar o grande brasileiro que está presente nas tradições do trabalhismo. Eu estou me referindo a Getúlio Vargas. Ele deu uma grande contribuição para a construção do Brasil moderno. Ele está vivo na história e na memória do país, enquanto aqueles que o conduziram à morte se perderam no esquecimento da história. Já houve quem dissesse que era necessário virar a página do getulismo. Já houve quem dissesse que o getulismo não devia ser olhado nem observado no que se refere à história. Não se vira a página de quem nos deixou a Petrobras, o BNDES, o salário mínimo e a proteção aos trabalhadores. O meu querido Brizola Neto citou uma frase aqui que é a frase que expressa na verdade o amor de Getúlio pelo seu povo: ‘Esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém’, uma frase da carta-testamento. Vargas construiu, sem dúvida, uma parte dos alicerces sobre os quais se fundam o Brasil moderno. Sob a liderança do presidente Lula, nós também estamos construindo uma nação democrática, rica, soberana e socialmente justa, que era tudo aquilo que ele defendeu.

Queria também me referir a esse extraordinário democrata, o presidente João Goulart. Queria me referir a ele porque ele propunha uma coisa muito atual: o progresso com justiça e o desenvolvimento com mais igualdade. É isso que é o nosso novo modelo de crescimento – desenvolvimento com distribuição de renda, desenvolvimento para melhorar a vida do nosso povo. Esse traço fantástico do João Goulart, que era buscar o consenso, que era ser um homem do diálogo e que era ser um homem democrata, um democrata que infelizmente foi afastado do poder do Brasil e que em que pese não tenha conseguido realizar suas reformas de base. Essas reformas de base mais do que nunca são uma necessidade em nosso país, e nós estamos hoje as levando à frente. E aqui eu faço um parêntese para dizer a vocês que o Brasil hoje caminha aceleradamente para se transformar num dos países mais desenvolvidos do mundo, mas nós só chegaremos a isso não somente por conquistas econômicas, mas sobretudo se o nosso povo for capaz de sair das condições de pobreza e se elevar cada vez mais, como está ocorrendo no governo do presidente Lula, a um povo com qualidade de vida, emprego, trabalho e oportunidade.

Eu falo isso para introduzir também nessa atualidade o grande brasileiro que foi Leonel de Moura Brizola. Ele foi um homem que lutou para tirar o golpe de 64, mas a história cria muitas ironias. Ele, que foi afastado e perseguido pelo golpe, voltou ao Brasil e se tornou uma das pessoas que ajudou a consolidar a democracia e afastar os fantasmas do golpe. As características do Brizola todos vocês conhecem, mas eu vou sintetizar em poucas palavras. Ele sempre defendeu o interesse nacional e sempre considerou que a causa da educação era fundamental para emancipação definitiva do nosso povo. E é pela atualidade das duas questões que nós hoje podemos dizer que somos a continuidade desse processo e realizamos, com essa aliança, PDT e PT, o anseio por mais soberania nesse país. Olha aí a nossa política externa, olha com que cabeça erguida nós hoje nos relacionamos com o mundo. Ao mesmo tempo, nós temos sistematicamente mudado as condições e procurado construir no Brasil uma educação de qualidade. Educação de qualidade que só se constrói se a gente respeitar os professores.

Eu queria lembrar uma frase do Brizola quando chamou para luta pela legalidade: ele disse que ia para a luta pela legalidade com a força do povo. Outra situação histórica coincidente, porque em 2006 o presidente Lula cunhou a frase de sua campanha dizendo: ‘É Lula de novo com a força do povo’. É justamente essa força do povo, é justamente isso que nós hoje aqui estamos nos comprometendo com ela. É essa força que vai permitir que nós façamos o governo mais avançado da nossa história, um governo para todos os brasileiros, homens e mulheres, crianças e idosos. Um governo para todos, porque na campanha eleitoral a gente mostra projeto; na campanha eleitoral a gente debate e discute; na campanha eleitoral a gente diverge e fala a verdade, porque é fundamental que o povo seja esclarecido. Mas na hora de governar nós governamos para todos os brasileiros, para cada um dos brasileiros. Nós jamais discriminamos ninguém. Os verdadeiros democratas, aqueles que são comprometidos com o povo, somos nós. Mas eu queria terminar dizendo para vocês que eu tenho muita alegria de estar aqui hoje, de receber esse apoio de vocês, sobretudo de mais uma vez registrar essa aliança entre o PDT e o PT. Essa aliança que nós temos a certeza que vai vencer de novo com a força do povo!”

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