terça-feira, 29 de junho de 2010

No Roda Viva, Dilma demonstra postura de chefe de Estado, avalia Jornal do Brasil

Clareza, segurança e profundo conhecimento sobre o Brasil são os termos que definem a participação da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, no Programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura na noite de segunda-feira, 28. A ex-ministra respondeu a perguntas dos jornalistas presentes sobre as principais áreas da administração pública e também a respeito dos desafios que são propostos para o próximo período presidencial. Na avaliação do Jornal do Brasil, Dilma “saiu-se bem. A petista demonstrou firmeza e postura de chefe de Estado”.

E deve-se dizer que o Jornal do Brasil acertou em cheio ao pontuar esses dois aspectos de Dilma durante toda a sabatina: ela foi firme em todas as respostas, não tergiversando em nenhum momento, e também assumiu uma postura de chefe de Estado, respeitando os jornalistas sem se submeter, contudo, às visões que eles queriam fazer prevalecer. E é bom que se diga isso: quem assistiu ao programa deve ter tido essa mesma impressão – a de que os jornalistas tentaram, talvez por estratégia, desorientar a candidata fazendo sucessivas perguntas ao mesmo tempo e tentando cortar as respostas.

A candidata do PT, contudo, não deixou de concluir nenhuma idéia, tendo também respondido a todas as perguntas e não tendo em nenhum momento ficado “perdida” nas respostas. Na reportagem publicada nesta terça-feira , o Jornal do Brasil declara que “na berlinda, Dilma respondeu com segurança a perguntas relativas a diversas áreas do governo, revelando conhecimento de causa. Nos últimos oito anos, a candidata esteve na linha de frente das decisões do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao qual pretende dar continuidade”.

Temas econômicos predominam na sabatina
De uma maneira geral, a temática sobre a área econômica foi predominante ao longo da entrevista. Ao ser perguntada se o Brasil estaria passando por um processo de desindustrialização, como afirma a campanha da oposição, Dilma foi assertiva: “eu não acho que país esteja passando por isso [desindustrialização]. Até acho que nós temos aumentado e introduzido seguimentos novos na economia brasileira. Vou dar como exemplo a indústria naval. Voltamos a fazer política industrial, tanto que voltou a ter estaleiros no Brasil”, destacando o aumento da cadeia produtiva e a reintrodução de setores que haviam desaparecido nos governos anteriores, como o caso da indústria naval.

A ex-ministra também respondeu a questões sobre o sistema de tributação no Brasil, destacando que é necessária de fato uma reforma profunda, feita a partir da simplificação dos tributos. Dilma destacou que uma das prioridades deve ser acabar definitivamente com a tributação sobre investimentos e criar mecanismos para reduzir a tributação incidente sobre a folha de salários. A petista destacou que é possível fazer grandes mudanças a partir de reformas pontuais, uma vez que existem alguns temas mais polêmicos dentro da agenda tributária – como a questão do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) – que exigem uma grande energia política e também uma flexibilidade por parte dos Estados. Neste ponto, Dilma afirmou que é importante se pensar sobre mecanismos de compensação aos entes federativos, de forma a acelerar a reforma.

A candidata do PT também respondeu a uma questão sobre como pretende fazer a redistribuição de renda e citou o exemplo do governo Lula. De acordo com Dilma, é verdade que a renda dos mais ricos cresceu ao longo do governo Lula, mas seu ritmo de crescimento foi menor do que o da renda das pessoas mais pobres que, segundo a candidata, tiveram um “crescimento chinês” em sua renda. A petista ainda destacou um ponto importante: esse crescimento chinês da renda dos mais pobres não foi unicamente devido às políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, mas especialmente em função de um aumento da renda do trabalho, como apontado pela POF (Pesquisa do Orçamento Familiar) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na semana passada.

Dossiê: Dilma destaca que não se pode acusar sem provas
Um dos melhores momentos da entrevista foi quando Dilma respondeu ao jornalista Sérgio D’Ávila, da Folha de São Paulo, sobre o suposto “dossiê” que teria sido produzido pela campanha petista contra o oponente José Serra. Aqui, quem esperava uma postura tímida de Dilma, certamente se frustrou, já que a ex-ministra foi bastante assertiva nesta questão. A petista disparou ao ser perguntada sobre a existência do “dossiê”: “acho que todos vocês sabem: se há dossiê, e até hoje não vi papel nenhum, não foi feito pela minha campanha. Foi produzido em outras circunstâncias“, destacando que “há uma tendência, por motivos políticos, a forçar essa interpretação [de que o PT teria produzido dossiê contra Serra]”.

O jornalista da Folha ainda tentou insistir na idéia do dossiê, fazendo menção ao encontro do jornalista Luiz Lanzetta (da Lanza Comunicações) com o ex-delegado da Polícia Federal, Onézimo de Sousa, segundo versão e Onézimo, mas Dilma retrucou: “Era uma empresa contratada para contratar pessoas que a gente indicava e fornecia uma análise de mídia, estritamente isso. Não somos responsáveis pelo que faz uma empresa. As empresas privadas têm autonomia plena", disse. "Ele (Lanzetta) é responsável pelo que ele faz. Nós não assumimos responsabilidade por algo feito por uma empresa, até porque nós não somos os únicos clientes”.

O Jornal do Brasil destacou que “a candidata reafirmou o seu compromisso com a liberdade de imprensa e disse que não irá processar qualquer jornalista devido aos rumores envolvendo a confecção de um suposto dossiê petista contra o candidato adversário, o tucano José Serra. Mas ressaltou que é preciso haver responsabilidade no ato de informar, cabendo o ônus da prova a quem denuncia”. Dilma ainda respondeu a questões sobre saúde, educação, segurança pública e outros temas, mostrando um conhecimento profundo de cada um deles. Sobre a segurança, a ex-ministra destacou a experiência exitosa com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que levam o Estado para áreas que haviam sido tomadas pelo crime organizado, citando como exemplo o caso bem sucedido do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

De uma maneira geral, a avaliação é de que Dilma se saiu muito bem na entrevista ao Roda Viva. Como dito anteriormente, a candidata não titubeou sequer uma vez, mostrando-se firme e segura em todas as suas respostas. Para os que achavam que Dilma era um “poste”, a candidata mandou o seu recado: “eu compreendo que alguns queiram dizer quer eu sou um poste, mas isso não me transforma num poste”. Cada dia mais, Dilma vem mostrando que é, de fato, a mais preparada para continuar o processo de mudanças sociais iniciado pelo governo Lula.

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