domingo, 13 de junho de 2010

Tsunami vermelha: militância petista mostra seu vigor e força em aclamação de Dilma

Um evento que mostrou a força, garra e vigor da militância do maior partido de esquerda da América Latina. É essa a percepção de quem acompanhou a Convenção Nacional do Partido dos Trabalhadores neste domingo, 13, em Brasília, quando foi oficializada a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República. Com a presença maciça da militância no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e outros milhares de militantes que acompanharam a transmissão ao vivo pela internet, a convenção do PT foi um grande sucesso e se tornou a síntese de um governo vitorioso, que mudou radicalmente o Brasil.

Presentes no auditório desde o início da manhã, um grande número de mulheres petistas puxavam o coro dos militantes, aos gritos de “Olê, Olê, Olê, Olá, Dilma, Dilma”. O evento teve início por volta das 11 da manhã, com a execução do Hino Nacional pelo grupo Samba de Rainha e a cantora Virgínia Rodrigues. Em seguida, foi feita uma belíssima homenagem a mulheres que, através de suas lutas, marcaram ao longo dos séculos a história do povo brasileiro. Anita Garibaldi, Chiquinha Gonzaga, Princesa Isabel, Tarsila do Amaral, Pagu foram algumas das inúmeras mulheres mencionadas, em uma apresentação que deixou todos emocionados.

Em seguida, a homenagem às mulheres continuou, com a mestre de cerimônias, a atriz Tássia Camargo, convidando algumas “heroínas do Brasil moderno” para compor a mesa, onde estavam o presidente Lula, dona Marisa Letícia, o vice-presidente José Alencar com sua esposa, além de outras autoridades. Assim, juntaram-se à mesa Ilza de Nazaré, Sônia Giovana Abromovich, Ivanete Pereira, Ildelene Lobato Bahia, Dona Raimunda dos Cocos e Maria da Penha, símbolo maior da resistência brasileira à violência doméstica e que deu nome à lei aprovada pelo presidente Lula em 2006. A economista Maria da Conceição Tavares, que foi professora de Dilma, não pôde comparecer, mas enviou uma carta que foi lida no evento.

Discurso do presidente do PT incendeia militância
Após as homenagens, o primeiro a discursar foi o presidente do PT, José Eduardo Dutra, que incendiou a militância presente e também a que acompanha pela internet com uma fala incisiva e forte. Dutra iniciou seu discurso destacando a grande aliança que se formou em torno da candidatura de Dilma e dizendo que “não estaríamos aqui oficializando a candidatura de Dilma Rousseff sem a grande aliança que formamos”. Em seguida, o presidente do PT fez menção ao discurso do tucano José Serra durante a convenção do PSDB realizada no último sábado, 12, na Bahia, onde o candidato da oposição disse que com ele “o povo brasileiro não terá surpresas”.

Dutra aproveitou a frase de Serra e a usou como mote, dizendo que “de fato, o povo brasileiro não teria surpresas com Serra, pois conhece bem o fracasso do governo que ele participou”, emendando que “o governo que ele [Serra] participou provocou um apagão de 11 meses no Brasil”. Segundo Dutra, “A modernidade que eles [tucanos] trouxeram foi a modernidade da lamparina e do candeeiro”. O presidente do PT também declarou: “tenho absoluta certeza de que, com a convicção que vejo aqui nos olhos e corações dos militantes, nós vamos dar continuidade ao projeto de mudança do Brasil, que conciliou o crescimento econômico com distribuição de renda, a um processo que fez com que 20 milhões de brasileiros saíssem da linha da pobreza. É por isso que eles [a oposição] estão tão aperriados e preocupados”.

Dando sequência ao seu discurso, o presidente do PT brincou, cantando a música que foi utilizada anteriormente na campanha do governador do Sergipe, Marcelo Déda: “eita que eles tão aperriados, eita que eles tão aperriados, é 13, é 13, é 13, é Dilma pra todo lado”. Por fim, Dutra prestou uma homenagem às mulheres, citando o poeta chileno Pablo Neruda: “elas sorriem quando querem gritar, elas cantam quando querem chorar, elas choram quando estão felizes e riem quando estão nervosas, elas brigam por aquilo que acreditam, elas levantam-se contra a injustiça e elas não levam não como resposta quando acreditam que existe melhor solução”.

Após a fala do presidente do PT, o vice da chapa de Dilma, deputado federal Michel Temer (PMDB), fez um rápido discurso, mas com considerações muito pertinentes. “O PMDB não é um ajuntamento de pessoas, é um ajuntamento de ideias. Quando eu vejo aqui ‘Dilma presidente para o Brasil seguir mudando’, eu caso com o lema do PMDB, ‘tem muito Brasil pela frente. O PMDB vai entrar nesta campanha com a sua alma, não só com seu raciocínio”, declarou o peemedebista. Terminado o discurso de Temer, foi a vez do presidente Lula ocupar a tribuna, em um discurso extraordinário em que foram apontados os avanços obtidos em seu governo e as credenciais de Dilma para ser sua sucessora. A última a falar foi a agora candidata Dilma Rousseff.

A garra e a força da militância petista
Qualquer pessoa neutra que tenha acompanhado a convenção do PSDB, no sábado, e a convenção do PT, neste domingo, certamente não teve dúvidas de que o ato político que oficializou a candidatura de Dilma foi melhor em todos os aspectos que o evento tucano. Enquanto a convenção do PSDB em nada lembrava uma festa partidária, a convenção do PT foi marcada pela agitação da militância, tanto daqueles que estavam no Centro de Convenções em Brasília quanto daqueles que acompanhavam pela rede. Em todo o Brasil, militantes petistas vestiram-se de vermelho e empunharam suas bandeiras, formando uma rede vermelha que refletiu o vigor da militância.

Na internet, a militância petista também marcou presença: enquanto milhares de petistas acompanhavam a convenção pelo site do PT, aproveitavam para escrever mensagens no serviço de microblog Twitter sobre o evento, utilizando a tag (espécie de tema associado à uma mensagem no Twitter) “#AgoraéDilma”. Durante todo o evento, a tag ficou em evidência nos “Trending Topics do Brasil”, uma lista que relaciona os assuntos mais comentados durante um determinado momento. Há que se destacar aqui, contudo, que misteriosamente o serviço de “Trending Topics” do Twitter ficou desativado durante algumas horas, mas isso não impediu que as manifestações pró-Dilma tomassem conta da rede. Lideranças, parlamentares e ministros presentes no evento também interagiram com a militância, escrevendo mensagens sobre o ato.

O motivo para essa alegria generalizada da militância é o cenário amplamente favorável à candidatura de Dilma. Estando em trajetória de forte crescimento nas pesquisas de intenções de voto, a petista inicia sua fase de candidatura oficial com perspectivas muito melhores que seu principal adversário, a começar pela própria clareza da identidade política. Enquanto Serra está impossibilitado, por razões claramente estratégicas, de utilizar um discurso de total oposição ao governo Lula, Dilma não tem problemas com sua identidade política. Cada vez mais os brasileiros associam a ex-ministra à continuidade do governo Lula, o que amplia consideravelmente as projeções de votos em Dilma.

Além disso, o PT conseguiu costurar uma ampla aliança em torno da candidatura de Dilma, o que é extremamente vantajoso, à medida que amplia o tempo de propaganda partidária da petista na TV e também fortalece palanques estaduais, importantíssimos no decorrer do processo eleitoral. Por enquanto, já selaram apoio à ex-ministra o PMDB, PDT, PCdoB, PR, PRB e PSB, sem contar que outros partidos ainda estão em processo de avaliação, mas também devem aderir à coligação. Serra, por sua vez, conta com o apoio oficial do DEM e do PPS, aguardando uma definição do PP, que, ao que tudo indica, deverá permanecer neutro no primeiro turno das eleições.

Na convenção do PSDB, Serra teve sua candidatura lançada sem um vice, o que não aconteceu com Dilma, pois o PMDB oficializou, também no sábado, 12, o nome de Michel Temer para vice da petista. Assim, Dilma teve ao seu lado neste domingo durante toda a convenção o seu vice de chapa. Percebe-se, dessa maneira, que motivos não faltaram para a alegria generalizada da militância. Em uma campanha que promete ser bastante acirrada, sobretudo pelos métodos questionáveis do ponto de vista ético utilizados pela oposição, a militância aguerrida do Partido dos Trabalhadores certamente entrará com todo seu vigor e garantirá que no dia 1º de janeiro de 2011 Lula cumpra o seu projeto: passar a faixa presidencial para Dilma, a primeira mulher a ocupar a Presidência da República.

2 comentários:

  1. Agora é Dilma, sem xurumelas! Convenção perfeita e excelente texto, Leandro!

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  2. Obrigado, companheira!

    Para exprimir toda emoção presente na nossa convenção eu precisaria de todo espaço desse blog e, ainda assim, seria pouco! Foi dilmais!

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